quinta-feira, 25 de junho de 2015

Religião

Esses dias eu fui numa festa. Um monte de gente comendo, falando alto, dançando, sorrindo. Num canto, uma senhora carrancuda. Perguntei ao amigo “quem é?”, “é minha mãe”, respondeu. E por que tá triste? Não tá triste, tá irritada e nervosa. Por quê? Porque é crente e estamos tocando músicas não cristãs na festa.
Que merda essa religião que castra o corpo, que enrijece a alma, enruga o rosto e recrudesce o espírito. E não só o de seus adeptos, mas o de todos que se submetem mesmo que como alvo desse olhar austero.

Esses dias vi um programa em que um hare krishna passava uma semana na casa de uma família bem humilde e católica. Ele infernizou a casa em sete dias. Queria impor seus ritos e uma liturgia que contemplasse mais as suas necessidades religiosas do que a possibilidade de uma relação alegre entre diferentes. Lá pelo terceiro dia, as crianças da casa, principal aferidor de saúde emocional e alegria de um ambiente, já não aguentavam mais o sacerdote laranja.
Que merda essa religião que impõe ritos e liturgias que mais nos abstraem da vida e das relações do que nos projetam para o mundo e para os outros, oferecendo uma espiritualidade sadia.
Esses dias uma menina evangélica foi agredida na escola porque tinha o cabelo comprido. Ela só tinha 12 anos e teve que mudar de escola e cidade por conta da hostilidade.
Esses dias foi uma outra menina de 11 anos, agredida a pedradas ao sair de um encontro do candomblé.
Outro dia foi uma menina de 11 anos, perseguida por uma freira num colégio por não saber rezar. Ficou sem a refeição por dias a fio, até, pela dor da fome, ter a coragem de contar para a mãe o que estava acontecendo.
As três poderiam ser amigas, confidentes, terem os mesmos sonhos e desejos castrados pelo medo de ser o que, talvez, nem saibam o quê.
Que merda essa não religião que não tolera a religião.
Que merda essa religião que desrespeita o outro e o agride por ter outra religião.
Que merda essa religião que não tolera a ausência da religião.

[...]

Fabrício Cunha dos Santos

Postado original e integralmente no perfil do Facebook do autor.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O Panóptico de Foucault

O Panóptico de Bentham [...] é conhecido: na periferia, uma construção em anel; no centro, uma torre; esta é vazada de largas janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a espessura da construção; elas têm duas janelas, uma para o interior correspondendo às janelas, uma para o interior correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então colocar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um escolar. Pelo feito da contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se exatamente sobre a claridade, as pequenas silhetas cativas as celas da periferia. Tantas jaulas, tantos pequenos teatros, em que cada ator está sozinho, perfeitamente individualizado e constantemente visível. O dispositivo panóptico oganiza unidades espaciais que permitem ver sem parar e reconheer imediatamente. Em suma, o princípio da masmrra é invertido; ou antes, de suas três funções - trancar, privar de luz e esconder - só se conserva a primeira e suprimem-se as outras duas. A plena luz e o olhar de um vigia capta melhor do que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha [...].
 Daí o efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder. Fazer com que a vigilâncias seja permanente em seus efeitos, mesmo se é descontínua em sua ação; que a perfeição do poder tenda a tornar inútil a atualidade de seu exercício; que esse aparelho arquitetural seja um máquina de criar e sustentar uma relação de poder dependente daquele que o exerce; enfim, que os detentos se encontrem presos numa situação de poder de que eles mesmos são os portadores.  Para isso, é ao mesmo tempo excessivo e muito pouco que o prisioneiro seja observado sem cessar por um vigia: muito pouco, pois o essencial é que ele se saiba vigiado; excessivo, porque ele não tem necessidade de sê-lo efetivamente. Por isso, Bentham colocou o princípio de que o poder devia ser visível e inverificável. Visível: sem cessar o detento terá diante dos olhos a alta silhueta da torre central de onde é espionado. Inverificável: o detento nunca deve saber se está sendo observado; mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo. Para tornar indecidível a presença ou a ausência do vigia, para que os prisioneiros, de suas celas, não pudessem nem perceber uma sombra ou enxergar uma contraluz, previu Bentham, não só persianas nas janelas da sala central de vigia, mas, por dentro, separações que a cortam em ângulo reto e, para passar de um quarto a outro, não portas, mas biombos: pois a menor batida, a luz entrevista, uma claridade, numa abertura, trariam a presença do guardião. O Panóptico é uma máquina de dissociar o par ver-ser-visto: no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 34ed. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 165-167.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Avaliação Terceiro Ano/ Segundo Bimestre

Sabendo que a mídia não é "neutra" (se não leu, leia esse texto), ou seja que é carregada de intenções e ideologias, siga os passos abaixo para criar um mini "observatório da imprensa".

Em grupo definam um tema para o trabalho, que pode ser um acontecimento político do Brasil ou da sua cidade.

ETAPA INDIVIDUAL
  • Cada componente do grupo deverá escolher uma matéria sobre o acontecimento definido pelo grupo. Essa matéria poderá ser de jornais, revistas, sites ou telejornais. No caso desse último veículo, tente anotar as informações passadas e, principalmente, os comentários dos apresentadores e repórteres, ou procurar a exibição da matéria em algum canal online (youtube, por exemplo). Você deve tomar cuidado para que a fonte da sua notícia não seja a mesma de outro colega do grupo. 
  • Faça um fichamento da matéria que escolheu (uma espécie de ficha na qual deverá registrar as ideias principais de artigos e reportagens organizadas em tópicos). Destaque questões como:
    • Como a reportagem descreve o acontecimento em questão: O que aconteceu? Como? Quando? Onde? De que maneira?
    • Quem são os personagens envolvidos? Há exposição das diferentes versões sobre o fato narrado?
    • É possível identificar que o autor da matéria é favorável a algum dos lados? Qual? Que indícios levam a essa conclusão?
    • O autor tenta demonstrar "neutralidade"? Como?
    • Caso você identifique um posicionamento, ele é colocado de maneira clara? Como o autor procura "disfarçar" seu ponto de vista?
ETAPA EM GRUPO
  • Comparem as abordagens nos diferentes veículos. Comparem os fichamentos: Há semelhanças entre os diferentes meios de comunicação consultados? É possível concluir que a mídia traz, de alguma maneira, os olhares de jornalistas e instituições?
  • Elaborem  um relatório final, expondo as conclusões do grupo. 
Orientações:
- O grupo deve ter 4 ou 5 componentes.
- O relatório final deverá ser entregue junto com o fichamento individual de cada integrante do grupo.

Atividade adaptada de DIMENSTEIN, Gilberto; RODRIGUES, Marta Assumpção; GIANSANTI, Alvaro Cesar. Dez lições de Sociologia para um Brasil Cidadão. Vol. Único. São Paulo: FTD, 2008.

Mídia e poder

Entre os poderes instituídos na organização do Estado, é comum a inserção da mídia como uma espécie de "quarto poder" - complementar ao executivo, ao legislativo e ao judiciário. Essa associação decorre do fato de a imprensa se colocar como porta-voz da opinião pública, muitas vezes exercendo não apenas uma função informativa, mas também formativa dessa opinião. Embora seja usual o discurso de que os meios de comunicação apenas "informam" a população, uma leitura atenta desses veídulos mostra que é comum que eles venham carregados de um ponto de vista que chega diretamente ao leitor.
Nesse sentido, é importante encarar a mídia como mais do que apenas um modo de se manter atualizado. Os jornais, revistas, os sites e a televisão são escritos por pessoas e instituições que pensam a realidade social de uma determinada maneira. E a questão é mais complicada do que parece: grande parte dos veículos de comunicação são de propriedade privada, considerados negócios lucrativos. No entanto, o jornalismo é um serviço de utilidade pública, que deveria, em tese, servir aos interesses comuns. Como, então, resolver esse impasse?

A partir dessas reflexões, o Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), encontrou como alternativa criar uma espécie de "quinto poder": uma organização da sociedade civil que discutisse a mídia, acompanhando suas abordagens diante dos acontecimentos. O Observatório da Imprensa, comandado pelo jornalista Alberto Dines, surgiu como um site em 1998, mas hoje já tem também uma versão de programa televisivo - que vai ao ar pela TVE do Rio de Janeiro e pela TV Cultura de São Paulo - e uma veiculação via rádio - pela Cultura FM de São Paulo, rádios MEC AM e FM do Rio de Janeiro e rádio Nacional AM e FM de Brasília. Há ainda um blog no qual os participantes podem discutir e propor assuntos. Com isso, a iniciativa procurou transformar os leitores e espectadores em agentes ativos, que não apenas recebem informações, como também opinam sobre elas. Para conhecer mais sobre o projeto, acesse do site do Observatório da Imprensa, clicando aqui.

Fonte: DIMENSTEIN, Gilberto; RODRIGUES, Marta Assumpção; GIANSANTI, Alvaro Cesar. Dez lições de Sociologia para um Brasil Cidadão. Vol. Único. São Paulo: FTD, 2008.

Avaliação Segundo Ano/ Segundo Bimestre

Você certamente já ouviu falar muito em "trabalho". Ao longo das aulas, você pôde conhecer a abordagem sociológica para esse conceito. Ela não é a única. Compare as seguintes definições de "trabalho", dadas por três diferentes disciplinas:

Sociologia/ Ciências Sociais
O trabalho é uma relação social produtiva submetida às exigências técnicas e materiais da produção. Portanto, o trabalho deve ser explicado no âmbito das especificidades de uma dada sociedade. Para Marx, por exemplo, o trabalho assalariado objetivado é o trabalho da época capitalista.
Fonte: SPURK, Jan. A noção de trabalho em Karl Marx. In: MERCURE, Daniel; SPURK, Jan (Org.). O trabalho na história do pensamento ocidental. Petrópolis: Vozes, 2005.


Filosofia
Para o filósofo alemão Jürgen Habermas, o trabalho é uma ação racional com respeito a fins, por meio da qual homens e mulheres se apropriam da natureza em busca da sobrevivência e interagem comunicativamente entre si.
Fonte: HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência enquanto tecnologia. In: Textos escolhidos. v. XLVIII. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 310-311. (Os Pensadores)


Física
Realizar trabalho em Física implica a transferência de energia de um sistema para outro e, para que isso ocorra, são necessários uma força e um deslocamento adequados.
Fonte: DOCA, Ricardo Helou; BISCUOLA, Gualter José; VILLAS BÔAS, Newton. Física. São Paulo: Moderna, 2010.

Utilizando sua criatividade, escolha um dos projetos a seguir para realizar, individualmente ou em grupo:
  1. escrever um poema (individual/ postagem Facebook, email ou papel);
  2. escrever uma paródia de uma música famosa (individual ou em dupla/ postagem Facebook, email ou papel);
  3. compor uma música e sua letra (individual ou em dupla/ postagem no Sound Cloud ou Facebook);
  4. fazer um vídeo curta-metragem de um minuto (até 4 componentes/ postagem no Facebook);
  5. elaborar, escrever o roteiro e gravar um programa de rádio (até 4 componentes/ postagem no Sound Cloud ou Facebook);
  6. fazer uma obra de artes visuais - pintura, desenho, instalação (individual/ postagem em rede social ou entrega física);
  7. elaborar uma história em quadrinhos, charge ou tira (individual ou em dupla/ postagem Facebook, email ou papel);
  8. tirar fotografias, relacioná-las e realizar uma exposição virtual (até 4 componentes/álbum compartilhado no Facebook em modo público).
O seu projeto deve estaelecer uma comparaçao ou relação entre as três definições apresentadas anteriormente.
Caso tenha outra ideia de projeto artístico-lúdico para trabalhar o tema, converse com o professor sobre a possibilidade de realizá-la.

Atividade retirada do livro Sociologia - Ensino Médio, Editora Scipione. Autores: ARAÚJO, Silvia Maria; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi.
 

Diversidade Cultural - Estudos de caso

A cultura de uma determinada sociedade pode diferir profundamente de outra, o que é sagrado para uma pode ser repugnante para outra, o que é certo para uma pode ser errado para outras. Veja alguns exemplos:
- O homem recebe do meio cultural, em primeiro lugar, a definição do bom e do mau, do confortável e do desconfortável: Os chineses preferem os ovos podres e os oceanenses o peixe em decomposição. Para dormir, os Pigmeus procuram a incómoda forquilha de madeira e os Japoneses deitam a cabeça em duro cepo. 
- O homem recebe do seu meio cultural um modo de ver e de pensar: No Japão considera-se delicado julgar os homens mais velhos do que são e, mesmo durante os testes e de boa-fé, os indivíduos continuam a cometer erros por excesso. 
- O homem também retira do meio cultural as atitudes afetivas típicas: Entre os Maoris [Nova Zelândia], onde se chora à vontade, as lágrimas correm só no regresso do viajante e não à sua partida. Nos Esquimós, que praticam a hospitalidade conjugal, o ciúme desapareceu (...). Nas ilhas Alor [Indonésia], a mentira lúdica considera-se normal; as falsas promessas às crianças constituem um dos divertimentos dos adultos. O mesmo espírito encontra-se na ilha de Normanby onde a mãe, por brincadeira, tira o seio ao filho que está a mamar. 
O respeito pelos pais sofre igualmente flutuações geográficas: O pai conserva o direito de vida e de morte entre os Negritos das Filipinas e em certos lugares do Togo, dos Camarões e do Daomé. Em compensação, a autoridade paterna era nula ou quase nula nos Kamtchatka [da Sibéria] pré-comunistas ou nos aborígenes do Brasil. As crianças Taraumaras [do México] batem e injuriam facilmente os pais. Entre os Esquimós o casamento faz-se por compra. Nos Urabima da Austrália um homem pode ter esposas secundárias que são as esposas principais de outros homens. No Ceilão [atual Sri Lanka] reina a poliandria fraternal: o irmão mais velho casa-se e os mais novos mantêm relações com a cunhada. (…) O amor e os cuidados da mãe pelos filhos desaparecem nas ilhas do estreito de Torres [Austrália] e nas ilhas Andaman [Índia], em que o filho ou a filha são oferecidos de boa vontade aos hóspedes da família como presentes, ou aos vizinhos, como sinal de amizade. A sensibilidade a que chamamos masculina pode ser, de resto, uma característica feminina, como nos Tchambuli [Nova Guiné], por exemplo, em que na família é a mulher quem domina e assume a direção.
Os diferentes povos criaram e desenvolveram um estilo de vida que cada indivíduo aceita – não sem reagir, decerto – como um modelo. 

 Lucien Malson, As crianças selvagens, Livraria Civilização, 1988, pp. 26-28.

sábado, 9 de maio de 2015

Tempos modernos

Uma apropriação prática da filosofia taylorista é o fordismo. Proprietário da Ford Motor Company, nos EUA, Henry Ford inovou o cenário industrial a partir de 1914, ao produzir modelos padronizados e em grandes quantidades - o que barateava os custos de produção -, visando o consumo em massa. Para isso, foi criada a linha de montagem em série, na qual os trabalhadores se fixavam em seus postos e os objetos de trabalho se deslocavam em trilhos ou esteiras (veja o vídeo abaixo). Cada trabalhador deveria ser especializado em uma única tarefa, com o ritmo ditado pela linha de produção. Ao repetir movimentos iguais incessantemente, o operário atuava como uma peça da máquina, alienado do conjunto do seu trabalho.
Adaptado de Sociologia em Movimento, Ed. Moderna.


sábado, 18 de abril de 2015

Uma outra visão sobre a publicidade

A publicidade tem força o suficiente de fazer as pessoas mudarem seus hábitos, e muitas vezes pra melhor. Desde sempre sabemos que uma publicidade bem feita, consegue mudar o mundo, e isso é muito importante na missão dessas campanhas atuais.
Muitas pessoas têm o costume de reclamar sobre as agências de publicidade, que estas só estão produzindo anúncios para gerar empresas de lucro, mas isso não é só para isso. Os anúncios deste post, por exemplo, mostram uma outra proposta de publicidade, com viés de conscientização social.
Confira abaixo:

#01. Vítimas também são pessoas, igual eu e você

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Advertising Agency: Advico Y&R, Zurich, Switzerland

#02. Pare com a violência, não beba e dirija.

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Advertising Agency: Terremoto Propaganda, Curitiba, Brazil

#03. A cor da sua pele não deveria decidir o seu futuro

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Advertising Agency: Publicis Conseil, Paris, France

#04. Mais devagar é melhor

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Advertising Agency: Cramer-Krasselt, Milwaukee, USA
 Tradução: 46 dias na cama do hospital

#05. Salve papel – Salve o planeta

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Advertising Agency: Saatchi & Saatchi, Copenhagen, Denmark 

#06. Poluição de ar mata 60.000 pessoas por ano

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Advertising Agency: unknown 

#07. Dar um like não é ajudar. Seja um voluntário. Mude uma vida.

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Advertising Agency: Publicis, Singapore 

#08. Liga de Anti-Crueldade de Animal. Pare o abuso.

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Advertising Agency: Lowe Bull, Cape Town, South Africa 

#09. Não converse enquanto dirige.

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Advertising Agency: Mudra Group, India 

#10. Não está acontecendo aqui. Mas está acontecendo agora.

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Creative/Art director Pius Walker, Amnesty International, Switzerland. 

#11. Censura conta a história errada.

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Advertising Agency: Memac Ogilvy & Mather Dubai, UAE 

#12. A cada 60 segundos uma espécie morre. Cada minuto conta.

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Advertising Agency: Scholz & Friends, Berlin, Germany 

#13. Onde está o Pedófilo?

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Art Director: Michael Arguello, Copywriter: Bassam Tariq, Additional credits: Jason Musante 

#14. Abusadores sexuais podem se esconder no smartphone dos seus filhos.

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Advertising Agency: Herezie, Paris, France 

#15. Fumar causa velhice precoce.

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Advertising Agency: Euro RSCG Australia 

#16. Você não é um desenho. Diga não para a anorexia.

Advertising Agency: Revolution Brazil

#17. Crianças negligenciadas se sentem invisíveis. Pare o abuso infantil.

Australian Childhood Foundation, JWT Melbourne

#18. Sacolas plásticas matam.

Advertising Agency: BBDO Malaysia, MALAYSIA, Kuala Lampur/ Advertising Agency: Duval Guillaume, Belgium

#21. Para os desabrigados, cada dia é uma luta.

Advertising Agency: Clemenger BBDO Melbourne, Australia


#22. Por favor, não perca o seu controle enquanto bebe.

Advertising Agency: EURORSCG Prague, Czech Republic


#27. Quanto mais tempo uma criança sem autismo fica sem ajuda, mais difícil fica de chegar perto dela.


Advertising Agency: CHI & Partners, London, UK


#29. Trabalhadores não são ferramentas.


Advertising Agency: VVl BBDO, Belgium

Post original e completo: Blog Planeta Queijo

quarta-feira, 18 de março de 2015

Como vencer a procrastinação (Parte II)

Pro-cras-ti-na-ção (substantivo do latim procrastinatio, -onis): O ato de arruinar sua própria vida sem nenhuma razão aparente

Deixe-me começar dizendo que já me cansei de fazer ironias sobre lutar contra a procrastinação incapacitante enquanto escrevia textos sobre procrastinação e como superá-la. Passei as duas últimas semanas sendo esse cara, que atirou em seu próprio pé enquanto falava sobre cuidados ao lidar com armas, e pretendo voltar a ficar livre de ironias sobre procrastinação neste texto.
Algumas notas antes de começarmos:
  • Não sou profissional em nada disso, só um procrastinador durante a vida toda que pensa sobre esse tema o tempo todo. Eu ainda estou totalmente em guerra com meus próprios hábitos, mas eu fiz algum progresso nas últimas semanas, e vou expressar meus pensamentos sobre o que deu certo para mim.
  • Este texto foi publicado atrasado, não só porque levou dois mil anos para escrevê-lo, mas também porque decidi que a noite de segunda era um momento emergencial para abrir o Google Earth, flutuar poucas centenas sobre o ponto mais ao sul da Índia e percorrer todo o caminho pra cima na Índia até o ponto mais ao norte, para “ter uma melhor percepção da Índia”. Eu tenho problemas.
Certo, então semana passada nós mergulhamos na batalha diária que ocorre dentro do procrastinador para examinar a psicologia subjacente enquanto ela acontece. Mas esta semana, em que estamos na verdade tentando fazer algo em relação a isso, precisamos cavar ainda mais fundo. Vamos começar por tentar destrinchar a psicologia do procrastinador e ver qual realmente é a essência da coisa toda.
Nós sabemos sobre o Macaco da Gratificação Instantânea (a parte do seu cérebro que faz você procrastinar) e seu domínio sobre o Tomador de Decisões Racionais, mas o que está mesmo acontecendo ali?
O procrastinador tem o mal hábito, fronteiriço ao vício, de deixar o macaco vencer. Ele ainda pretende controlar o macaco, mas ele coloca nisso um esforço malogrado, usando os mesmos métodos que comprovadamente não funcionaram com ele ao longo de anos, e lá no fundo ele sabe que o macaco vai vencer. Ele jura mudar, mas o padrão apenas permanece o mesmo. Porque uma pessoa que é eficiente em outros aspectos da sua vida coloca nisso um esforço inútil e insuficiente repetidas vezes?
A resposta é que ele tem um auto-confiança incrivelmente baixa quando se trata dessa parte de sua vida, permitindo a si mesmo ser escravizado por uma profecia auto-realizável e autodestrutiva. Vamos chamar essa profecia auto-realizável de seu Enredo. O Enredo do procrastinador é mais ou menos assim:
Para os afazeres da minha vida, acabarei esperando até o último minuto, entrando em pânico e então nem farei o melhor trabalho que puder nem cruzarei os braços sem fazer coisa nenhuma. Para os afazeres da minha vida, vamos ser honestos, ou começarei algum e abandonarei no meio ou, mais provavelmente, nem chegarei perto de começar.
O problema do procrastinador é profundo, e para ele mudar é necessário algo mais do que “ser mais disciplinado” ou “mudar seus maus hábitos” – a raiz do problema está vinculada a seu Enredo, e seu Enredo é o que ele precisa mudar.
*    *    *
Antes de falarmos sobre como mudar o Enredo, vamos examinar, concretamente, o que o procrastinador quer mesmo mudar. Com o que os hábitos corretos se parecem, e onde exatamente o procrastinador se dá mal?
Há dois componentes em ser hábil em realizar as coisas de uma maneira efetiva e saudável: planejar e fazer. Vamos começar com a mais fácil:
PLANEJAR
Procrastinadores adoram planejar, algo simples pois não envolve fazer, e fazer é a kriptonita do procrastinador.
Mas quando um procrastinador planeja, ele gosta de fazer isso de uma forma vaga, que não considera os detalhes ou a realidade muito de perto, e seu planejamento deixa essas coisas perfeitamente configuradas para que na verdade não realize nada. Uma sessão de planejamento do procrastinador deixa-o no pesadelo de um realizador:
uma grande lista de afazeres e compromissos intimidadores e obscuros.
Uma grande lista de coisas vagas e intimidadoras faz o Macaco da Gratificação Instantânea rir. Quando você faz uma lista como essa, o macaco diz “ah, perfeito, isso é fácil!”. Mesmo que sua ingênua mente consciente pretenda realizar os itens nessa lista de uma forma eficiente, o macaco sabe que, em seuinconsciente, você não tem a intenção de fazer isso.
Planejamento efetivo, por outro lado, prepara você para o sucesso. Seu propósito é Sua finalidade é fazer exatamente o oposto de tudo graças a essa frase:
PLANEJAMENTO EFETIVO PEGA UMA GRANDE LISTA E SELECIONA UM VENCEDOR:
 Uma grande lista é talvez uma fase inicial do planejamento, mas planejamento precisa terminar com uma priorização rigorosa e um item que emerge como o vencedor – o item que você colocará como o prioritário. E o item que vence deve ser aquele que tem mais significado para você – o item mais importante para a sua felicidade. Se há itens urgentes envolvidos, esses tem de vir primeiro e precisam ser cumpridos tão rápido quanto possível a fim de abrir caminho para os itens importantes (procrastinadores amam usar itens urgentes mas sem importância como desculpa para adiar eternamente os importantes).
PLANEJAMENTO EFETIVO DESOBSCURECE UM ITEM OBSCURO:
 Todos nós sabemos o que é um item obscuro. Um item obscuro é vago e obscuro, e você não tem muita certeza por onde começar, como você o realizará ou em que lugar encontra respostas para suas dúvidas a respeito dele.
Digamos que seu sonho é fazer seu próprio aplicativo, e você sabe que se você criar um aplicativo de sucesso você pode abandonar seu emprego e se tornar um desenvolvedor em tempo integral. Você também pensa que a habilidade de programar é a alfabetização do século 21, e de qualquer modo você não tem dinheiro para ganhar terceirizando o desenvolvimento do aplicativo, então você decide marcar “Aprender a programar” como o item vencedor da sua lista – a prioridade número um. Excitante, certo?
Bem, não, porque “Aprender a programar” é um item intensamente obscuro – e cada vez que você decide que é tempo de começar, você coincidentemente também decide que sua inbox precisa ser limpa e que o chão de sua cozinha precisa ser encerado, JÁ. Esse item jamais acabará se realizando.
Para desobscurecer esse item, você precisa ler, pesquisar e fazer perguntas para descobrir exatamente como alguém aprende a programar, os meios necessários e específicos para cada passo ao longo do caminho, e quanto tempo cada um vai durar. Desobscurecer o item de uma lista faz com que ele passe disso:
Para isso:

PLANEJAMENTO EFETIVO TRANSFORMA UM ITEM INTIMIDADOR EM UMA SERIE DE PEQUENAS, CLARAS E ADMINISTRÁVEIS TAREFAS:
 A obscuridade de um item se combina com sua natureza intimidadora e forma uma poção esteróide para o Macaco da Gratificação Instantânea. E só porque você desobscureceu um item isso não significa que ele já não é horrivelmente grande e intimidador. A chave para eliminar a natureza intimidadora de um item é assimilar este fato:
Uma conquista gloriosa e notável é só o que uma longa série de tarefas nada gloriosas e nada notáveis se parece quando vista a grande distância.
Ninguém “constrói uma casa”. As pessoas colocam um tijolo e depois outro e depois outro e depois outro e no final o resultado é uma casa. Procrastinadores são grandes visionários – eles amam fantasiar sobre a bela mansão que eles um dia irão construir – mas o que eles precisam ser é ambiciosos pedreiros, que metodicamente colocam um tijolo após outro, dia após dia, sem desistir, até a casa estar construída.
Praticamente todo grande empreendimento pode ser reduzido a um fundamental conjunto de pequenos progressos – seus tijolos. Uma visita de 45 minutos à academia é o tijolo para se ficar em grande forma. Uma prática de 30 minutos é o tijolo para se tornar um grande guitarrista.
O dia típico na semana de um pretenso escritor e na semana de um verdadeiro escritor são quase idênticos. O verdadeiro escritor escreve um punhado de páginas, colocando um tijolo, e o pretenso escritor não escreve nada. 98% do resto do dias deles é idêntico. Mas um ano depois, o verdadeiro escritor completou o primeiro esboço de um livro e o pretenso escritor tem… coisa nenhuma.
Tudo tem a ver com tijolos.
E a boa notícia é que colocar um tijolo não é intimidador. Mas tijolos exigem agendamento. Então o último passo no planejamento é fazer um Cronograma de Tijolos, colocando tijolos em nichos no calendário. Esses nichos não são negociáveis nem canceláveis – afinal, trata-se de sua maior prioridade e da coisa mais importante para você, não é? A data mais imporante é a primeira. Você não pode começar a aprender a programar “em novembro”. Mas você pode começar a aprender a programar em 21 de novembro, das 18h às 19h.
Agora que você planejou efetivamente, basta seguir o cronograma e você se tornará um programador. A única coisa que falta é fazer
FAZENDO
Não é que os procrastinadores não gostam do conceito de fazer. Eles olham para os tijolos no seu calendário e pensam, “Demais, isso vai ser divertido!”. E isso ocorre porque quando eles imaginam o momento no futuro em que sentarão e começarão a colocar um tijolo, eles supõem que as coisas ocorrerão sem a presença do Macado da Gratificação Instantânea. A visão que os procrastinadores têm do cenário futuro parece nunca incluir o macaco.
Mas quando chega o momento de começar a colocar o tijolo no nicho programado, o procrastinador faz algo sensacional – ele deixa o macaco dominar a situação e arruinar tudo.
E já que demonstramos acima que toda realização se resume à habilidade de colocar um tijolo num nicho que está no seu cronograma, parece que isolamos aqui o cerne do conflito. Vamos examinar o desafio específico de colocar um só tijolo:
Esse diagrama representa o desafio presente sempre que você se propõe qualquer tarefa, seja preparar um PowerPoint para o trabalho, correr para ficar em forma, trabalhar num roteiro ou qualquer coisa que você faça na sua vida. A Entrada Crítica é onde você vai para oficialmente começar a trabalhar na tarefa, a Floresta Negra é o processo de realmente fazer a tarefa, que uma vez concluída lhe conduz como recompensa ao Playground Feliz – um lugar em que você sente satisfação e onde o lazer é agradável e recompensador pois você conseguiu concluir algo. Eventualmente você se vê super-engajado naquilo que você está trabalhando e entra num estado de Fluxo [http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_(psicologia)], no qual você está tão alegremente imerso na tarefa que você perde a noção do tempo.
Esses caminhos são mais ou menos assim:
Parece bem simples, certo?
Bom, para o azar dos procrastinadores, eles tendem a não chegar no Playground Feliz e no Fluxo.
Por exemplo, aqui está um procrastinador que nunca chega a começar a tarefa que ele deveria cumprir, pois ele nunca passa pela Entrada Crítica. Ao invés disso, ele desperdiça horas chafurdando no Playground das Trevas, odiando a si mesmo:
Aqui temos uma procrastinadora que começa a tarefa, mas ela não consegue manter seu foco, então ela fica fazendo longos intervalos para navegar na internet e preparar algo para comer. Ela não termina concluindo a tarefa:
Aqui temos um procrastinador que não conseguia começar a tarefa, mesmo com um prazo fatal se aproximando, e ele passa horas no Playground das Trevas, sabendo que o iminente prazo fatal está se aproximando e ele só está fazendo sua vida ficar mais difícil ao sequer começar. Eventualmente, o prazo fatal fica tão próximo que o Monstro do Pânico repentinamente entra urrando na sala, apavorando-o e fazendo com que ele se atire na tarefa para cumprir o prazo.
Após terminar, ele se sente decente pois realizou algo, mas ele não está completamente satisfeito pois ele sabe que fez um trabalho de menor qualidade pois tinha muita pressa, e ele sente que desperdiçou a maior parte do seu dia por razão nenhuma. Isso o faz chegar no Parque dos Sentimentos Confusos.
Então se você é um procrastinador, vamos observar o que você precisa para se manter no caminho certo, aquele que lhe deixará muito mais feliz.
A primeira coisa que você precisa fazer é passar pela Entrada Crítica. Isso significa parar o que quer que você esteja fazendo quando chega a hora de iniciar uma tarefa, deixando todas as distrações de lado e começando. Parece simples, mas é a parte mais difícil. É aqui que o Macaco da Gratificação Instantânea coloca sua mais feroz resistência:
O macaco odeia intensamente parar algo divertido e começar algo difícil, e é neste momento que você precisa ser mais forte. Se você conseguir começar e coagir o macaco a entrar na Floresta Negra, você já dobrou um pouco de sua vontade.
Claro, ele não vai desistir assim tão fácil.
A Floresta Negra é onde você permanece enquanto está trabalhando. Não é um lugar divertido de se estar, e o Macaco da Gratificação Instantânea não quer ter qualquer relação com esse local. Para tornar as coisas mais difíceis, a Floresta Negra está cercada pelo Playground das Trevas, um dos lugares favoritos do macaco, e já que ele pode ver o quão perto fica, tenta com todas as suas forças deixar a Floresta Negra.
Haverá também ocasiões em que você colide com uma árvore – talvez a caminhada para entrar em forma coloca você diante de uma ladeira que precisa subir, talvez você precise usar uma fórmula do Excel que não conhece, talvez a música que você está compondo simplesmente não está ficando do jeito que você imaginava – e esse é o momento em que o macaco fará sua tentativa de fuga mais corajosa.
Não faz sentido trocar a Floresta Negra pelo Playground das Trevas – ambos são sombrios. Ficar em ambos é desagradável, mas a grande diferença é que a Floresta Negra leva à felicidade e o Playgroud das Trevas leva apenas à mais miséria. Mas o Macaco da Gratificação Instantânea não é lógico, e para ele o Playground das trevas parece muito mais divertido.
A boa notícia é que se você puder enfrentar um pouco da Floresta Negra, algo curioso acontece. Fazer progresso em uma tarefa produz sentimentos positivos de realização e eleva sua auto-estima. O macaco obtém sua força da baixo auto-estima, e quando você sente um sopro de satisfação consigo próprio, o macaco encontra uma Banana de Elevada Auto-estima no caminho. Isso não elimina sua resistência inteiramente, mas isso o distrai por um bocado de tempo, e você perceberá que a necessidade de procrastinar diminuiu.
Então, se você prossegue, algo mágico acontece. Quando você chegar a dois terços ou três quartos de uma tarefa, especialmente se está indo bem, você começa a se sentir muito satisfeito com as coisas e, repentinamente, o fim fica visível. Esse é o Ponto Decisivo.
O Ponto Decisivo é importante porque não é apenas você que sente o cheiro do Playground Feliz adiante –o macaco também pode senti-lo. Ele não se importa se a gratificação vem graças a você ou a sua custa, ele apenas ama coisas que são fáceis e divertidas. Uma vez que você atingiu o Ponto Decisivo, o macaco se torna mais interessado em chegar no Playground Feliz do que no Playground das Trevas. Quando isso ocorre, você perde todo seu impulso de procrastinar e agora você e o macaco estão correndo em direção ao ponto de chegada.

Antes que perceba, você terminou e está no Playground Feliz. Agora, pela primeira vez em muito tempo, você e o macaco são um time. Ambos querem diversão, e ela é fantástica porque é merecida. Quando você e o macaco formam um time, você quase sempre está feliz.
A outra coisa que pode acontecer quando você passar pelo Ponto Decisivo, dependendo do tipo de tarefa e do quão bem o trabalho está indo, é que você pode começar a se sentir fantástico em relação ao que está fazendo, tão fantástico que continuar a trabalhar parece muito mais divertido do que interromper para curtir atividades de lazer. Você se torna obsecado com a tarefa e basicamente perde interesse em tudo mais, incluindo em comida e no passar do tempo – isso é chamado Fluxo. Fluxo não é apenas um sentimento jubilante, é também onde geralmente você realiza grandes coisas.
O macaco é tão viciado em júbilo quanto você, e novamente ambos formam um time.
Esforçar-se até chegar no Ponto Decisivo é difícil, mas o que faz a procrastinação tão mais difícil é que o Macaco da Gratificação Instantânea tem uma terrível memória de curto prazo – mesmo se você foi bem sucedido de um jeito incrível na segunda-feira, quando você começa a tarefa da terça o macaco já esqueceu de tudo e novamente resistirá a entrar na Floresta Negra ou nela permanecer.
E é por isso que persistência é um componente crítico do sucesso. Colocar cada tijolo exige uma batalha interior – e no final, sua habilidade de vencer cada batalha específica e colocar tijolo após tijolo, dia após dia, é fundamental na luta de um procrastinador para assumir o controle de seu mundo.
Então isso é o que precisa acontecer. Mas se a procrastinação pudesse ser resolvida lendo um texo de um site, não seria um problema tão grande na vida de tantas pessoas. Só há uma forma de realmente vencer a procrastinação:
VOCÊ PRECISA PROVAR A SI MESMO QUE PODE FAZER ISSO.
 Você precisa mostrar para si mesmo que pode fazer isso, e não apenas dizer para si mesmo. As coisas mudarão quando você mostrar a si mesmo que elas podem mudar. Até lá, você não acreditará nisso, e nada mudará. Pense em você como um artilheiro de futebol que há tempos não faz um gol. Para jogadores de futebol, tem tudo a ver com confiança, e um artilheiro que há tempos não faz gol pode dizer a si mesmo mil vezes “sou um grande artilheiro, vou fazer o próximo gol”, mas não é antes de ele realmente fazer um gol que sua confiança voltará e ele retomará sua habilidade de volta.
Então como começamos a golear?
1) Tente internalizar o fato de que tudo o que você faz é uma escolha.
Comece pensando sobre os termos que usamos neste artigo, e se eles são razoáveis para você, escreva-os. Parte da razão pela qual eu dei nomes a muitos desses sentimentos e fenômenos (o Macaco da Gratificação Instantânea, o Tomador de Decisões Racionais, o Monstro do Pânico, o Playground das Trevas, Obscurecência, Tijolos, a Entrada Crítica, a Floresta Negra, o Ponto Decisivo, o Playground Feliz, Fluxo, seu Roteiro) é que nomes ajudam a clarear a realidade das escolhas que você faz. Isso ajuda a expor más escolhas e ressaltar o momento em que é mais crítico fazer boas escolhas.
2) Invente métodos para ajudar a derrotar o macaco.
Alguns métodos possíveis:
  • Peça ajuda externa, explicando a um ou mais amigos ou familiares o objetivo que você está tentando alcançar, e peça a eles que mantenham você compromissado. Se for difícil por qualquer razão, envie um e-mail para mim – sou um estranho (contact@waitbutwhy.com) – e simplesmente digitar seu objetivo e mandar para uma pessoa real tornará a meta mais real (alguns especialistas argumentam que dizer a pessoas de sua vida sobre uma meta pode ser contraprodutivo, então isso depende da situação particular).
  • Crie a oportunidade para um Monstro do Pânico, se já não existe alguma – se você está tentando gravar um álbum, agende um show para alguns meses adiante, reserve um local e envie um convite para um grupo de pessoas.
  • Se você realmente quer começar um negócio, deixar seu emprego tornará o Monstro do Pânico o novo morador do seu lar.
  • Se você está tentando escrever de forma consistente em um blog, coloque “publico um novo post todas as Quintas” no topo de sua página principal.
  • Deixe recados para você mesmo, lembrando que deve fazer boas escolhas.
  • Coloque um alarme para lembrar do início de uma tarefa, ou para recordar o que está em jogo.
  • Minimize as distrações de todas as formas possíveis. Se a TV é um sério problema, venda sua TV. Se a internet é um sério problema, arrume um segundo computador cujo Wifi está desabilitado, e coloque seu celular no Modo Avião durante as sessões de trabalho.
  • Crie um caminho sem volta para você, como fazer um depósito não restituível para aulas ou mensalidade em um curso.
E se os métodos que você estabeleceu não estiverem funcionando, mude-os. Coloque um lembrete mensal que diz “A coisas melhoraram? Se não melhoraram, mude seus métodos”.
3) Foque no progresso lento e consistente – livros são escritos uma página por vez.
Da mesma forma que grandiosas realizações ocorrem pequeno tijolo por pequeno tijolo, um hábito profundamente arraigado como a procrastinação não muda de uma hora para outra, mas sim com uma modesta melhora por vez. Lembre-se, tudo isso tem a ver com mostrar a si mesmo o que você pode realizar, então o segredo não é ser perfeito, mas simplesmente melhorar. O autor que escreve uma página por dia escreveru um livro após um ano. O procrastinador que melhora um pouco a cada semana é uma pessoa totalmente transformada um ano depois.
Portanto não pense sobre ir de A até Z – apenas comece de A até B. Mude o Roteiro de “eu procrastino em cada tarefa que faço” para “uma vez por semana eu cumpro uma tarefa sem procrastinar”. Se você puder fazer isso, você criará uma tendência. Eu ainda sou um miserável procrastinador, mas definitivamente estou melhor do que estava um ano atrás, então me sinto esperançoso sobre o futuro.
Porque eu penso nesse assunto tanto, e porque acabo de escrever um artigo de 19.000 páginas sobre isso?
Porque derrotar a procrastinação é o mesmo que ganhar o controle de sua própria vida. Muito daquilo que faz as pessoas felizes ou infelizes – seu nível de realização e satisfação, sua auto-estima, os arrependimentos que carregam consigo, o quanto de tempo livre possuem para dedicar a seus relacionamentos – está estreitamente vinculado a procrastinação. Então compensa demais levar esse assunto a sério, e o tempo para começar a melhorar é agora.