Daí o efeito mais importante do Panóptico: induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder. Fazer com que a vigilâncias seja permanente em seus efeitos, mesmo se é descontínua em sua ação; que a perfeição do poder tenda a tornar inútil a atualidade de seu exercício; que esse aparelho arquitetural seja um máquina de criar e sustentar uma relação de poder dependente daquele que o exerce; enfim, que os detentos se encontrem presos numa situação de poder de que eles mesmos são os portadores. Para isso, é ao mesmo tempo excessivo e muito pouco que o prisioneiro seja observado sem cessar por um vigia: muito pouco, pois o essencial é que ele se saiba vigiado; excessivo, porque ele não tem necessidade de sê-lo efetivamente. Por isso, Bentham colocou o princípio de que o poder devia ser visível e inverificável. Visível: sem cessar o detento terá diante dos olhos a alta silhueta da torre central de onde é espionado. Inverificável: o detento nunca deve saber se está sendo observado; mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo. Para tornar indecidível a presença ou a ausência do vigia, para que os prisioneiros, de suas celas, não pudessem nem perceber uma sombra ou enxergar uma contraluz, previu Bentham, não só persianas nas janelas da sala central de vigia, mas, por dentro, separações que a cortam em ângulo reto e, para passar de um quarto a outro, não portas, mas biombos: pois a menor batida, a luz entrevista, uma claridade, numa abertura, trariam a presença do guardião. O Panóptico é uma máquina de dissociar o par ver-ser-visto: no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 34ed. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 165-167.
Esse sistema trata da vigilância e da ênfase nas mudanças e rupturas, ou seja o plano ''Panóptico'' foi a criação para a moldação do comportamento humano, onde a pessoa que ficava presa naquele sistema mesmo não querendo se ajustava e poderia ser liberada naquela sociedade que se dizia capitalista democrática.Hoje em dia mesmo não percebendo somos moldados nesse plano pelos sites, nas ruas, através de câmeras de segurança, acabamos sendo quem as pessoas querem que nos sejamos, não quem somos de verdade. Daniele Maria O. de Miranda - Colégio Pedro Fernandes - 3004
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