quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Conhecimento científico x Senso comum

Algumas características:

Particular/ geral
Do senso comum resulta um conhecimento particular, restrito a uma pequena amostra da realidade, a partir da qual são feitas generalizações muitas vezes apressadas e imprecisas. Os dados observados costumam ser selecionados de maneira não muito rigorosa. Em outras palavras, conclui-se para todos os objetos o que vale para um ou para um grupo de objetos observados.
Já as conclusões da ciência são gerais no sentido de que não valem apenas para os casos observados, e sim para todos os que a eles se assemelhem. Afirmações como "o peso de qualquer objeto depende do campo de gravitação" ou "a cor de um objeto depende da luz que ele reflete" ou ainda "a água é uma substância composta de hidrogênio e oxigênio" são válidas para todos os corpos, todos os objetos coloridos ou qualquer porção de água, e não apenas para aqueles que foram objeto da experiência.
A diferença entre elas deve-se ao fato de que as afirmações do senso comum são assistemáticas, enquanto as explicações da ciência são sistemáticas e controláveis pela experiência, o que permite chegar a conclusões gerais. Se o saber comum observa um fato a partir do conjunto dos dados sensíveis que formam nossa percepção imediata, pessoal e efêmera do mundo, o fato científico é um fato abstrato, isolado do conjunto em que se encontra normalmente inserido e elevado a um grau de generalidade.


Fragmentário/ unificador
Em comparação com a ciência, o conhecimento espontâneo é fragmentário, pois não estabelece conexões em situações em que essas poderiam ser verificadas. Por exemplo: pelo senso comum não é possível perceber qualquer relação entre o orvalho da noite e o "suor" que aparece na garrafa retirada da geladeira; nem entre a combustão e a respiração (que é uma forma de combustão discreta relacionada à queima dos alimentos no processo digestivo para obter energia). Se dermos crédito à velha história, é interessante lembrar as circunstâncias em que Isaac Newton teria intuído a lei da gravitação universal. Ao associar a queda de uma maçã à "queda" da Lua. Aliás, o caráter unificador dessa teoria nos permite associar fenômenos aparentemente tão díspares como o movimento da Lua, as marés, as trajetórias dos projéteis e a subida dos líquidos nos tubos delgados.

Subjetivo/ objetivo
O senso comum é frequentemente subjetivo, porque depende do ponto de vista individual e pessoal, não fundado no objeto, e condicionado por sentimentos ou afirmações arbitrárias do sujeito. se temos antipatia por alguém, é preciso certo esforço para reconhecer, por exemplo, seu valor profissional. Ao observar o comportamento de povo com costumes diferentes dos nossos, tendemos a julgá-los baseados em nossos valores e considera-los estranhos, ignorantes, engraçados ou até desprezíveis.
O mundo construído pela ciência aspira à objetividade. É objetivo o conhecimento imparcial, que independe das preferências individuais e que resulta da descentralização do sujeito que conhece, pelo confronto com outros pontos de vista. No caso das ciências, as conclusões podem ser testadas por qualquer outro membro competente da comunidade científica.

Ambiguidade/ rigor
Para ser precisa e objetiva, a ciência dispõe de uma linguagem rigorosa cujos conceitos são definidos para evitar ambiguidades. A linguagem tona-se cada vez mais precisa, à medida que utiliza a matemática para transformar qualidades em quantidades. A matematização da ciência adquiriu grande importância no trabalho de Galileu. Ao estabelecer a lei da queda dos corpos, po exemplo, Galileu mediu o espaço percorrido e o tempo que um corpo leva para descer o plano inclinado, e ao final das observações registrou a lei numa formulação matemática.
É bem verdade que o mesmo não ocorre com as ciências humanas, cujo componente qualitativo não pode ser reduzido à quantidade. Algumas delas, como é o caso da psicanálise, não fazem uso da matemática ou da experimentação, embora outras teorias psicológicas, como as comportamentalistas, recorram não só às experiências em laboratório como à matemática e à estatística.


Fonte: Filosofando - Introdução à Filosofia. Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Perdid@?!

Anda perdi@? Não sabe para onde ir? Olha que legal encontrei com o pessoal do 99jobs, que, aliás, são ÓTIMOS para dicas de como trabalhar com o que se ama.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A cidade: movimentos pessoais e sociais

Um grupo de 30 estudantes de pós-graduação criou um programa de internet para ensinar aos alunos e professores como tirar proveito de sua vizinhança. Digita-se, por exemplo, a palavra "skate" e fica-se sabendo como encontrar, nas redondezas, aulas desse esporte. Escrevendo o termo "drogas", surgirão, na tela, os nomes dos médicos e dos psicólogos mais próximos dispostos a ajudar as vítimas da dependência.
Simplificando, é uma espécie de de Google focado no bairro. A chave do programa é capacitar a comunidade para montar seu próprio banco de dados; a iniciativa vale por um curso popular de georreferenciamento.
O Ministério da Educação, ao tomar conhecimento da invenção, decidiu então disseminá-la em todo o país para realizar a formação de professores e diretores, ajudando-os a criar comunidades de aprendizagem em torno de suas escolas.
O que interessa aqui não é a educação nem a informática, mas a dica por trás da rápida aceitação desse mecanismo de busca: isso tem muito mais que ver com política do que com tecnologia.
Está crescendo a percepção de que boa parte da solução dos problemas sociais brasileiros depende da inventividade local, numa inversão da lógica brasileira tradicional de valorização do poder central.
As cidades brasileiras, seguindo essa lógica, começam a se organizar - estimuladas por lideranças locais, como líderes do movimento dos sem-teto, dirigentes de associações de carroceiros, educadores da periferia, atletas, diretores de banco e empresários.
A tendência é uma mobilização apartidária com o objetivo de melhorar a qualidade de vida na cidade, com metas de longo prazo a serem fiscalizadas. A motivação dessa agenda são, geralmente, os exemplos bem-sucedidos de Bogotá, Barcelona e Nova York.
Segundo essa lógica, vamos prestar atenção cada vez menos a Brasília e cada vez mais a soluções como o pedágio urbano de Londres, a ofensiva de Nova York para liderar a redução da emissão de gás carbônico, os projetos de Paris para tirar os carros da rua, os modelos de segurança em Bogotá.
Também vamos tentar entender melhor como a minúscula e pobre cidade de Barra do Chapéu é campeã do indicador do Ministério da Educação, como uma cidade rural da Índia (Udaipur) combateu o absenteísmo de professores distribuindo uma máquina fotográfica aos alunos ou como o índice de violência despencou no Morro do Cavalão, em Niterói.

Para outras experiências de engenhosidade local clique aqui 

Fonte: Dimenstein, Gilberto et. all. Dez Lições de Sociologia, pág.271, 272

Mulheres e movimentos sociais - Atividade

Leia, a seguir, o documento 1 e observe a imagem exposta no documento 23 para responder ao roteiro de questões:

Documento 1
O AEROPLANO COMO VEÍCULO DE PROPAGANDA*
Folha da Manhã, sábado, 12 de maio de 1928.

RIO, 12 - O feminismo continua sua propaganda.
Hoje, a cidade assistiu a um interessante e inedito acontecimento. Distinctas senhoras, que fazem parte proeminente da diretoria da "Federação Brasileira pelo Progresso Feminino", voaram sobre a ciade em aeroplano, distribuindo cartões postaes e manifestos de propaganda do voto feminino.
Foram as sras. Bertha Lutz, sua brilhante presidente, d. Maria Amalia Bastos, primeira secretaria, e dra. Carmen Velloso Portinho, thesoureira.
Um dos postaes tinha os seguintes dizeres:
"As mulheres já podem votar em trinta paizes e um Estado brasileiro, por que não hão de votar em todo o Brasil?"
[...]
As feministas deixaram ainda cahir o seguinte appello à imprensa:
"A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, orgam do movimento feminista no Brasil, faz um appello á imprensa carioca, sempre generosa na defesa das causas nobres, solicitando que dê o seu apoio á campanha em pról dos direitos politicos da mulher".

*Mantida a grafia original
Almanaque Folha de São Paulo. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_12mai1928.htm>. Acesso em: 25/7/2007.

Documento 2




Questões:

  1. Em relação ao documento 1:
    • Com base na leitura da reportagem de 1928, identifique as principais reivindicações do movimento feminista no episódio relatado.
    • Sobre a tática de ação das feministas utilizada no episódio, pode-se dizer que ela foi eficiente para divulgar as ideias do movimento? Por quê?
    • Pode-se afirmar que as reivindicações feministas de 1928 obtiveram sucesso? Justifique sua resposta.
  2. Observe atentamente as imagens que compõem o documento 2:
    • Quais são as principais reivindicações ligadas ao movimento feminista atualmente?
    • Você considera que essas reivindicações estão sendo discutidas pela sociedade? Em que situações?
    • É correto afirmar que as reivindicações atuais do movimento feministas são acatadas pela sociedade? Por quê?
  3. Comparando o contexto da década de 1920 e a situação das mulheres hoje:
    • Quais foram as principais conquistas obtidas pelo movimento feminista nas últimas décadas, na sua opinião?
    • Considerando que os movimentos sociais têm como finalidade produzir a transformação social, é correto afirmar que o movimento feminista foi bem-sucedido em seus objetivos ao longo do século XX? Justifique.
  4. Aponte cinco situações na sua vida hoje que não seriam possíveis sem as conquistas alcançadas pelo movimento de mulheres (seja você homem ou mulher).
  5. Em que situações cotidianas a igualdade entre os sexos ainda não foi alcançada? Justifique com exemplos retirados da mídia ou vivenciados no seu dia-a-dia.
Se você acha que feminista tá sempre de cara pintada e faixa na mão, clique aqui!

Adaptado de Dimenstein, Gilberto et. all. Dez Lições de Sociologia, pág.269, 270

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Movimento Feminista



Dentre tantas lutas, o movimento feminista se destacou pela perseverança na luta pela igualdade de direitos. À primeira vista, parece-nos que as mulheres estavam marcadas pelo imobilismo e pela invisibilidade social. Autossacrifício, submissão, obediência são estereótipos enganosos que ignoram o verdadeiro papel da mulher na sociedade brasileira. A visão patriarcal reforçava os papéis antagônicos de homens e mulheres: cabia aos primeiros desbravar os sertões, conquistar riquezas, prover o lar, e a elas restaria a tarefa de multiplicar a prol.
No século XIX, surgiram as primeiras organizações de mulheres que se engajaram na luta pelo direito à instrução e ao voto. No Rio Grande do Norte, Nísia Floresta (1809-1885), abolicionista e republicana, combatia a ignorância das mulheres e a dependência feminina em relação aos homens. Já no início da República, com o crescimento do comércio e da indústria, a mão-de-obra feminina se incorporou à produção social, possibilitando o surgimento dos movimentos de libertação.
Em 1932, como resultado de uma luta histórica, o voto feminino foi incluído no Código Eleitoral. Desde então, as mulheres têm ampliado sua participação política e tornaram-se agentes transformadores da própria História.
Atualmente, apesar de tantas conquistas, os meios de comunicação insistem em promover uma imagem extremamente negativa do universo feminino, ligando a mulher a futilidades, modismos e ideais de beleza duvidosos.





8 de março, Dia Internacional da Mulher

Os movimentos sindicais, típicos das sociedades industriais, lutaram durante todo o século XIX e início do século XX pela redução da jornada de trabalho, mobilizando milhões de trabalhadores. Integrando-se a essa luta, 129 mulheres tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova York, paralisaram os trabalhos exigindo uma jornada de trabalho de 10 horas diárias, na primeira greve norte-americana conduzida unicamente por mulheres. Violentamente reprimidas pela polícia, as operárias refugiaram-se num dos galpões da fábrica. No dia 8 de março de 1857, os patrões e a polícia trancaram as portas do galpão e atearam fogo nele. As tecelãs morreram asfixiadas.
Durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1910, na Dinamarca, a famosa ativista pelos direitos femininos Clara Zetkin propôs que o 8 de março fosse declarado Dia Internacional da Mulher, homenageando as tecelãs de Nova York. Em 1911, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa. A partir daí, essa data começou a ser comemorada no mundo inteiro, sendo reconhecida pela Organização das Nações Unidas - ONU em 1975.
Fonte: Dimenstein, Gilberto et. all. Dez Lições de Sociologia, pág.266-268

O que são movimentos sociais?

Criada em 1850 por Lorenz von Stein (1815-1890) para designar a emergência do movimento operário europeu, a categoria movimentos sociais tem ocupado lugar privilegiado na teoria sociológica clássica e contemporânea. sua análise baseia-se nas tensões da sociedade, na identificação de mudança e na passagem de um estágio de integração para outro por meio da transformação induzida por atores coletivos.
Pensados sempre em função da lógica capitalista, o movimentos sociais referem-se a uma
multiplicidade de formas de participação. Max Weber (1864-1920), por exemplo, viu nos movimentos sociais o fator propulsor da modernização; já para Émile Durkheim (1858-1917), essa categoria denotaria a transição de formas de solidariedade simples, nas quais os indivíduos diferem para as formas de solidariedade mais complexas, que resultam da crescente divisão de trabalho exigida pelas tarefas econômicas menos simples.
Karl Marx (1818-1883), por sua vez, considerava que os movimentos sociais serviriam para designar a organização racional da classe trabalhadora em sindicatos e partidos políticos empenhados na transformação das relações capitalistas de produção.
Assim desenvolvida no âmbito do marxismo, a categoria "movimentos sociais" considerou, até a metade do século XX, as classes sociais como o sujeito coletivo mais capaz de produzir a transformação social. Nessa ótica, a transformação do modo de produção capitalista para o socialista, por exemplo, dependeria da abrangência da ação revolucionária da classe operária nos sindicatos e nos partidos políticos, assim como na repercussão destas no aparelho do Estado.
Por volta dos anos 1950, o sociólogo francês Alain Touraine (1925) defendeu uma Sociologia dos movimentos sociais que incorporasse as contribuições do marxismo. Entretanto, a partir da década de 1970, essa categoria sociológica, igualmente pensada em razão da alteração da lógica capitalista, adquire novo formato com a emergência dos "novos movimentos sociais".
Estudiosos como o sociólogo argentino Ernesto Laclau (1935), o italiano Alberto Melucci (1943-2001), além do próprio Touraine, começaram a questionar a noção de que somente as classes teriam capacidade de se constituir como sujeitos sociais na luta pela ampliação dos direitos sociais, econômicos, civis, humanos, ecológicos, político etc. Alberto Melucci (1999), por exemplo, considerou que na sociedade moderna a existência de sujeitos sociais extrapola a categoria das classes sociais, à medida que a posição do sujeito nas relações de produção nõ determina, necessariamente, suas outras posições com relação às questões ambientais, de direitos humanos etc. Por essa razão, esse autor propõe focalizar a análise sociológica dos movimentos sociais na categoria de ações coletivas. Assim, rompendo com a ideia de que a identidade dos atores é determinada apenas pela estrutura social (camponeses, trabalhadores, burgueses), os estudos dos novos movimentos sociais consideram que a dimensão política da transformação da sociedade está presente em toda prática social - não mais se restringindo à atuação da casse operária do sindicatos ou partidos políticos.
Desse modo, com o advento dos novos movimentos sociais, o enfoque nas classes perde importância para a cultura, que adquire papel mais ativo na constituição de sujeitos históricos que agem coletivamente coo protagonistas da transformação social. Um resultado desse processo é que a organização desses novos movimentos pela ampliação dos direitos de cidadania, por exemplo, se realiza de forma mais espontânea na esfera da cultura, isto é, à margem os sindicatos e partidos políticos.

Dimenstein, Gilberto et. all. Dez Lições de Sociologia, pág.252, 253

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Trabalho e Movimentos Sociais

1) Trabalhador rural, autoria desconhecida, 2010
2) Caipira picando fumo, J. F. de Almeida Júnior, 1893

4) Escravo de ganho, Jean-Baptiste Debret, 1834-1839


3) Cabano paraense, Alfredo Norfini, 1940


1) Descreva cada um dos homens retratados, discorrendo sobre suas características físicas e possíveis características psicológicas, com base em elementos presentes nas imagens.
2) É correto afirmar que os homens retratados são da mesma região do país? Justifique sua resposta formulando hipóteses para a origem de cada um deles.
3) Compare as quatro imagens: 
    a) Embora tenham sido produzidas por autores diferentes e em épocas diferentes, pode-se dizer que elas têm alguma preocupação em comum? Qual?
    b) Como cada artista retratou o homem brasileiro? Elenque semelhanças e diferenças entre as quatro representações.
4) Os movimentos sociais pressupõem "os sujeitos históricos como protagonistas da transformação social". Nesse sentido, em qual das representações acima do povo brasileiro você identifica maior possibilidade de mobilização? E em quais imagens o conformismo é expressado de maneira mais evidente? Justifique.
5) Se você fosse representar um trabalhador brasileiro como ele seria (represente com pintura, desenho, vídeo ou fotografia)? Cite as características físicas e psicológicas do seu personagem.