sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião"

Maria Bonita e Lampião
Símbolo do cangaço, a história de Virgulino ainda hoje é contada com um misto de lendas e fatos reais. Nascido em 1898, no atual município de Serra Talhada, em Pernambuco, sua história de crimes começou para vingar a morte do pai. Após seguir o grupo de cangaceiros de Sinhô Pereira durante algum tempo, Virgulino e dois irmãos, além de primos e conhecidos, formaram seu próprio bando por volta de 1920. Nos anos seguintes praticou inúmeros crimes pelo interior de sete estados nordestinos: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Acusado de vários homicídios, roubo, sequestro e estupro, chegou a ser perseguido por mais de quatro mil policiais e "volantes" (forças auxiliares).
"Lampião" foi o apelido surgido, segundo ele próprio declarou, por causa do cano de sua espingarda, que ficava em brasa durante os tiroteios. Dentre as inúmeras proezas que se contam a seu respeito, consta que foi chamado a Juazeiro, no Ceará, pelo padre Cícero, então importante líder local, para participar da perseguição à Coluna Prestes, formada por militares que lutavam por mudanças políticas na República Velha. "Lampião" receberia por seus serviços, além do perdão de seus crimes, a patente de capitão, rifles automáticos e uniformes semelhantes aos do Exército.
Com a Revolução de 1930, o poder dos "coronéis" no sertão nordestino foi enfraquecendo lentamente. A modernização política representada por Getúlio Vargas passava pela centralização dos poderes políticos. A eliminação do cangaço passou a ser uma questão de tempo.
Fim de Lampião, Maria Bonita e seu bando
O grupo de Lampião foi emboscado em uma fazenda em Angico, em Sergipe, em 1938, e na batalha morreram, além do líder do bando, mais dez cangaceiros. Suas cabeças foram cortadas e ficaram expostas em um museu durante mais de trinta anos. Somente em 1969, suas famílias conseguiram autorização para o sepultamento, pondo fim a um espetáculo macabro que expressa bem a época do cangaço.


Extraído de Dimenstein, Gilberto. Dez Lições de Sociologia - para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário