quarta-feira, 18 de março de 2015

Como vencer a procrastinação (Parte II)

Pro-cras-ti-na-ção (substantivo do latim procrastinatio, -onis): O ato de arruinar sua própria vida sem nenhuma razão aparente

Deixe-me começar dizendo que já me cansei de fazer ironias sobre lutar contra a procrastinação incapacitante enquanto escrevia textos sobre procrastinação e como superá-la. Passei as duas últimas semanas sendo esse cara, que atirou em seu próprio pé enquanto falava sobre cuidados ao lidar com armas, e pretendo voltar a ficar livre de ironias sobre procrastinação neste texto.
Algumas notas antes de começarmos:
  • Não sou profissional em nada disso, só um procrastinador durante a vida toda que pensa sobre esse tema o tempo todo. Eu ainda estou totalmente em guerra com meus próprios hábitos, mas eu fiz algum progresso nas últimas semanas, e vou expressar meus pensamentos sobre o que deu certo para mim.
  • Este texto foi publicado atrasado, não só porque levou dois mil anos para escrevê-lo, mas também porque decidi que a noite de segunda era um momento emergencial para abrir o Google Earth, flutuar poucas centenas sobre o ponto mais ao sul da Índia e percorrer todo o caminho pra cima na Índia até o ponto mais ao norte, para “ter uma melhor percepção da Índia”. Eu tenho problemas.
Certo, então semana passada nós mergulhamos na batalha diária que ocorre dentro do procrastinador para examinar a psicologia subjacente enquanto ela acontece. Mas esta semana, em que estamos na verdade tentando fazer algo em relação a isso, precisamos cavar ainda mais fundo. Vamos começar por tentar destrinchar a psicologia do procrastinador e ver qual realmente é a essência da coisa toda.
Nós sabemos sobre o Macaco da Gratificação Instantânea (a parte do seu cérebro que faz você procrastinar) e seu domínio sobre o Tomador de Decisões Racionais, mas o que está mesmo acontecendo ali?
O procrastinador tem o mal hábito, fronteiriço ao vício, de deixar o macaco vencer. Ele ainda pretende controlar o macaco, mas ele coloca nisso um esforço malogrado, usando os mesmos métodos que comprovadamente não funcionaram com ele ao longo de anos, e lá no fundo ele sabe que o macaco vai vencer. Ele jura mudar, mas o padrão apenas permanece o mesmo. Porque uma pessoa que é eficiente em outros aspectos da sua vida coloca nisso um esforço inútil e insuficiente repetidas vezes?
A resposta é que ele tem um auto-confiança incrivelmente baixa quando se trata dessa parte de sua vida, permitindo a si mesmo ser escravizado por uma profecia auto-realizável e autodestrutiva. Vamos chamar essa profecia auto-realizável de seu Enredo. O Enredo do procrastinador é mais ou menos assim:
Para os afazeres da minha vida, acabarei esperando até o último minuto, entrando em pânico e então nem farei o melhor trabalho que puder nem cruzarei os braços sem fazer coisa nenhuma. Para os afazeres da minha vida, vamos ser honestos, ou começarei algum e abandonarei no meio ou, mais provavelmente, nem chegarei perto de começar.
O problema do procrastinador é profundo, e para ele mudar é necessário algo mais do que “ser mais disciplinado” ou “mudar seus maus hábitos” – a raiz do problema está vinculada a seu Enredo, e seu Enredo é o que ele precisa mudar.
*    *    *
Antes de falarmos sobre como mudar o Enredo, vamos examinar, concretamente, o que o procrastinador quer mesmo mudar. Com o que os hábitos corretos se parecem, e onde exatamente o procrastinador se dá mal?
Há dois componentes em ser hábil em realizar as coisas de uma maneira efetiva e saudável: planejar e fazer. Vamos começar com a mais fácil:
PLANEJAR
Procrastinadores adoram planejar, algo simples pois não envolve fazer, e fazer é a kriptonita do procrastinador.
Mas quando um procrastinador planeja, ele gosta de fazer isso de uma forma vaga, que não considera os detalhes ou a realidade muito de perto, e seu planejamento deixa essas coisas perfeitamente configuradas para que na verdade não realize nada. Uma sessão de planejamento do procrastinador deixa-o no pesadelo de um realizador:
uma grande lista de afazeres e compromissos intimidadores e obscuros.
Uma grande lista de coisas vagas e intimidadoras faz o Macaco da Gratificação Instantânea rir. Quando você faz uma lista como essa, o macaco diz “ah, perfeito, isso é fácil!”. Mesmo que sua ingênua mente consciente pretenda realizar os itens nessa lista de uma forma eficiente, o macaco sabe que, em seuinconsciente, você não tem a intenção de fazer isso.
Planejamento efetivo, por outro lado, prepara você para o sucesso. Seu propósito é Sua finalidade é fazer exatamente o oposto de tudo graças a essa frase:
PLANEJAMENTO EFETIVO PEGA UMA GRANDE LISTA E SELECIONA UM VENCEDOR:
 Uma grande lista é talvez uma fase inicial do planejamento, mas planejamento precisa terminar com uma priorização rigorosa e um item que emerge como o vencedor – o item que você colocará como o prioritário. E o item que vence deve ser aquele que tem mais significado para você – o item mais importante para a sua felicidade. Se há itens urgentes envolvidos, esses tem de vir primeiro e precisam ser cumpridos tão rápido quanto possível a fim de abrir caminho para os itens importantes (procrastinadores amam usar itens urgentes mas sem importância como desculpa para adiar eternamente os importantes).
PLANEJAMENTO EFETIVO DESOBSCURECE UM ITEM OBSCURO:
 Todos nós sabemos o que é um item obscuro. Um item obscuro é vago e obscuro, e você não tem muita certeza por onde começar, como você o realizará ou em que lugar encontra respostas para suas dúvidas a respeito dele.
Digamos que seu sonho é fazer seu próprio aplicativo, e você sabe que se você criar um aplicativo de sucesso você pode abandonar seu emprego e se tornar um desenvolvedor em tempo integral. Você também pensa que a habilidade de programar é a alfabetização do século 21, e de qualquer modo você não tem dinheiro para ganhar terceirizando o desenvolvimento do aplicativo, então você decide marcar “Aprender a programar” como o item vencedor da sua lista – a prioridade número um. Excitante, certo?
Bem, não, porque “Aprender a programar” é um item intensamente obscuro – e cada vez que você decide que é tempo de começar, você coincidentemente também decide que sua inbox precisa ser limpa e que o chão de sua cozinha precisa ser encerado, JÁ. Esse item jamais acabará se realizando.
Para desobscurecer esse item, você precisa ler, pesquisar e fazer perguntas para descobrir exatamente como alguém aprende a programar, os meios necessários e específicos para cada passo ao longo do caminho, e quanto tempo cada um vai durar. Desobscurecer o item de uma lista faz com que ele passe disso:
Para isso:

PLANEJAMENTO EFETIVO TRANSFORMA UM ITEM INTIMIDADOR EM UMA SERIE DE PEQUENAS, CLARAS E ADMINISTRÁVEIS TAREFAS:
 A obscuridade de um item se combina com sua natureza intimidadora e forma uma poção esteróide para o Macaco da Gratificação Instantânea. E só porque você desobscureceu um item isso não significa que ele já não é horrivelmente grande e intimidador. A chave para eliminar a natureza intimidadora de um item é assimilar este fato:
Uma conquista gloriosa e notável é só o que uma longa série de tarefas nada gloriosas e nada notáveis se parece quando vista a grande distância.
Ninguém “constrói uma casa”. As pessoas colocam um tijolo e depois outro e depois outro e depois outro e no final o resultado é uma casa. Procrastinadores são grandes visionários – eles amam fantasiar sobre a bela mansão que eles um dia irão construir – mas o que eles precisam ser é ambiciosos pedreiros, que metodicamente colocam um tijolo após outro, dia após dia, sem desistir, até a casa estar construída.
Praticamente todo grande empreendimento pode ser reduzido a um fundamental conjunto de pequenos progressos – seus tijolos. Uma visita de 45 minutos à academia é o tijolo para se ficar em grande forma. Uma prática de 30 minutos é o tijolo para se tornar um grande guitarrista.
O dia típico na semana de um pretenso escritor e na semana de um verdadeiro escritor são quase idênticos. O verdadeiro escritor escreve um punhado de páginas, colocando um tijolo, e o pretenso escritor não escreve nada. 98% do resto do dias deles é idêntico. Mas um ano depois, o verdadeiro escritor completou o primeiro esboço de um livro e o pretenso escritor tem… coisa nenhuma.
Tudo tem a ver com tijolos.
E a boa notícia é que colocar um tijolo não é intimidador. Mas tijolos exigem agendamento. Então o último passo no planejamento é fazer um Cronograma de Tijolos, colocando tijolos em nichos no calendário. Esses nichos não são negociáveis nem canceláveis – afinal, trata-se de sua maior prioridade e da coisa mais importante para você, não é? A data mais imporante é a primeira. Você não pode começar a aprender a programar “em novembro”. Mas você pode começar a aprender a programar em 21 de novembro, das 18h às 19h.
Agora que você planejou efetivamente, basta seguir o cronograma e você se tornará um programador. A única coisa que falta é fazer
FAZENDO
Não é que os procrastinadores não gostam do conceito de fazer. Eles olham para os tijolos no seu calendário e pensam, “Demais, isso vai ser divertido!”. E isso ocorre porque quando eles imaginam o momento no futuro em que sentarão e começarão a colocar um tijolo, eles supõem que as coisas ocorrerão sem a presença do Macado da Gratificação Instantânea. A visão que os procrastinadores têm do cenário futuro parece nunca incluir o macaco.
Mas quando chega o momento de começar a colocar o tijolo no nicho programado, o procrastinador faz algo sensacional – ele deixa o macaco dominar a situação e arruinar tudo.
E já que demonstramos acima que toda realização se resume à habilidade de colocar um tijolo num nicho que está no seu cronograma, parece que isolamos aqui o cerne do conflito. Vamos examinar o desafio específico de colocar um só tijolo:
Esse diagrama representa o desafio presente sempre que você se propõe qualquer tarefa, seja preparar um PowerPoint para o trabalho, correr para ficar em forma, trabalhar num roteiro ou qualquer coisa que você faça na sua vida. A Entrada Crítica é onde você vai para oficialmente começar a trabalhar na tarefa, a Floresta Negra é o processo de realmente fazer a tarefa, que uma vez concluída lhe conduz como recompensa ao Playground Feliz – um lugar em que você sente satisfação e onde o lazer é agradável e recompensador pois você conseguiu concluir algo. Eventualmente você se vê super-engajado naquilo que você está trabalhando e entra num estado de Fluxo [http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_(psicologia)], no qual você está tão alegremente imerso na tarefa que você perde a noção do tempo.
Esses caminhos são mais ou menos assim:
Parece bem simples, certo?
Bom, para o azar dos procrastinadores, eles tendem a não chegar no Playground Feliz e no Fluxo.
Por exemplo, aqui está um procrastinador que nunca chega a começar a tarefa que ele deveria cumprir, pois ele nunca passa pela Entrada Crítica. Ao invés disso, ele desperdiça horas chafurdando no Playground das Trevas, odiando a si mesmo:
Aqui temos uma procrastinadora que começa a tarefa, mas ela não consegue manter seu foco, então ela fica fazendo longos intervalos para navegar na internet e preparar algo para comer. Ela não termina concluindo a tarefa:
Aqui temos um procrastinador que não conseguia começar a tarefa, mesmo com um prazo fatal se aproximando, e ele passa horas no Playground das Trevas, sabendo que o iminente prazo fatal está se aproximando e ele só está fazendo sua vida ficar mais difícil ao sequer começar. Eventualmente, o prazo fatal fica tão próximo que o Monstro do Pânico repentinamente entra urrando na sala, apavorando-o e fazendo com que ele se atire na tarefa para cumprir o prazo.
Após terminar, ele se sente decente pois realizou algo, mas ele não está completamente satisfeito pois ele sabe que fez um trabalho de menor qualidade pois tinha muita pressa, e ele sente que desperdiçou a maior parte do seu dia por razão nenhuma. Isso o faz chegar no Parque dos Sentimentos Confusos.
Então se você é um procrastinador, vamos observar o que você precisa para se manter no caminho certo, aquele que lhe deixará muito mais feliz.
A primeira coisa que você precisa fazer é passar pela Entrada Crítica. Isso significa parar o que quer que você esteja fazendo quando chega a hora de iniciar uma tarefa, deixando todas as distrações de lado e começando. Parece simples, mas é a parte mais difícil. É aqui que o Macaco da Gratificação Instantânea coloca sua mais feroz resistência:
O macaco odeia intensamente parar algo divertido e começar algo difícil, e é neste momento que você precisa ser mais forte. Se você conseguir começar e coagir o macaco a entrar na Floresta Negra, você já dobrou um pouco de sua vontade.
Claro, ele não vai desistir assim tão fácil.
A Floresta Negra é onde você permanece enquanto está trabalhando. Não é um lugar divertido de se estar, e o Macaco da Gratificação Instantânea não quer ter qualquer relação com esse local. Para tornar as coisas mais difíceis, a Floresta Negra está cercada pelo Playground das Trevas, um dos lugares favoritos do macaco, e já que ele pode ver o quão perto fica, tenta com todas as suas forças deixar a Floresta Negra.
Haverá também ocasiões em que você colide com uma árvore – talvez a caminhada para entrar em forma coloca você diante de uma ladeira que precisa subir, talvez você precise usar uma fórmula do Excel que não conhece, talvez a música que você está compondo simplesmente não está ficando do jeito que você imaginava – e esse é o momento em que o macaco fará sua tentativa de fuga mais corajosa.
Não faz sentido trocar a Floresta Negra pelo Playground das Trevas – ambos são sombrios. Ficar em ambos é desagradável, mas a grande diferença é que a Floresta Negra leva à felicidade e o Playgroud das Trevas leva apenas à mais miséria. Mas o Macaco da Gratificação Instantânea não é lógico, e para ele o Playground das trevas parece muito mais divertido.
A boa notícia é que se você puder enfrentar um pouco da Floresta Negra, algo curioso acontece. Fazer progresso em uma tarefa produz sentimentos positivos de realização e eleva sua auto-estima. O macaco obtém sua força da baixo auto-estima, e quando você sente um sopro de satisfação consigo próprio, o macaco encontra uma Banana de Elevada Auto-estima no caminho. Isso não elimina sua resistência inteiramente, mas isso o distrai por um bocado de tempo, e você perceberá que a necessidade de procrastinar diminuiu.
Então, se você prossegue, algo mágico acontece. Quando você chegar a dois terços ou três quartos de uma tarefa, especialmente se está indo bem, você começa a se sentir muito satisfeito com as coisas e, repentinamente, o fim fica visível. Esse é o Ponto Decisivo.
O Ponto Decisivo é importante porque não é apenas você que sente o cheiro do Playground Feliz adiante –o macaco também pode senti-lo. Ele não se importa se a gratificação vem graças a você ou a sua custa, ele apenas ama coisas que são fáceis e divertidas. Uma vez que você atingiu o Ponto Decisivo, o macaco se torna mais interessado em chegar no Playground Feliz do que no Playground das Trevas. Quando isso ocorre, você perde todo seu impulso de procrastinar e agora você e o macaco estão correndo em direção ao ponto de chegada.

Antes que perceba, você terminou e está no Playground Feliz. Agora, pela primeira vez em muito tempo, você e o macaco são um time. Ambos querem diversão, e ela é fantástica porque é merecida. Quando você e o macaco formam um time, você quase sempre está feliz.
A outra coisa que pode acontecer quando você passar pelo Ponto Decisivo, dependendo do tipo de tarefa e do quão bem o trabalho está indo, é que você pode começar a se sentir fantástico em relação ao que está fazendo, tão fantástico que continuar a trabalhar parece muito mais divertido do que interromper para curtir atividades de lazer. Você se torna obsecado com a tarefa e basicamente perde interesse em tudo mais, incluindo em comida e no passar do tempo – isso é chamado Fluxo. Fluxo não é apenas um sentimento jubilante, é também onde geralmente você realiza grandes coisas.
O macaco é tão viciado em júbilo quanto você, e novamente ambos formam um time.
Esforçar-se até chegar no Ponto Decisivo é difícil, mas o que faz a procrastinação tão mais difícil é que o Macaco da Gratificação Instantânea tem uma terrível memória de curto prazo – mesmo se você foi bem sucedido de um jeito incrível na segunda-feira, quando você começa a tarefa da terça o macaco já esqueceu de tudo e novamente resistirá a entrar na Floresta Negra ou nela permanecer.
E é por isso que persistência é um componente crítico do sucesso. Colocar cada tijolo exige uma batalha interior – e no final, sua habilidade de vencer cada batalha específica e colocar tijolo após tijolo, dia após dia, é fundamental na luta de um procrastinador para assumir o controle de seu mundo.
Então isso é o que precisa acontecer. Mas se a procrastinação pudesse ser resolvida lendo um texo de um site, não seria um problema tão grande na vida de tantas pessoas. Só há uma forma de realmente vencer a procrastinação:
VOCÊ PRECISA PROVAR A SI MESMO QUE PODE FAZER ISSO.
 Você precisa mostrar para si mesmo que pode fazer isso, e não apenas dizer para si mesmo. As coisas mudarão quando você mostrar a si mesmo que elas podem mudar. Até lá, você não acreditará nisso, e nada mudará. Pense em você como um artilheiro de futebol que há tempos não faz um gol. Para jogadores de futebol, tem tudo a ver com confiança, e um artilheiro que há tempos não faz gol pode dizer a si mesmo mil vezes “sou um grande artilheiro, vou fazer o próximo gol”, mas não é antes de ele realmente fazer um gol que sua confiança voltará e ele retomará sua habilidade de volta.
Então como começamos a golear?
1) Tente internalizar o fato de que tudo o que você faz é uma escolha.
Comece pensando sobre os termos que usamos neste artigo, e se eles são razoáveis para você, escreva-os. Parte da razão pela qual eu dei nomes a muitos desses sentimentos e fenômenos (o Macaco da Gratificação Instantânea, o Tomador de Decisões Racionais, o Monstro do Pânico, o Playground das Trevas, Obscurecência, Tijolos, a Entrada Crítica, a Floresta Negra, o Ponto Decisivo, o Playground Feliz, Fluxo, seu Roteiro) é que nomes ajudam a clarear a realidade das escolhas que você faz. Isso ajuda a expor más escolhas e ressaltar o momento em que é mais crítico fazer boas escolhas.
2) Invente métodos para ajudar a derrotar o macaco.
Alguns métodos possíveis:
  • Peça ajuda externa, explicando a um ou mais amigos ou familiares o objetivo que você está tentando alcançar, e peça a eles que mantenham você compromissado. Se for difícil por qualquer razão, envie um e-mail para mim – sou um estranho (contact@waitbutwhy.com) – e simplesmente digitar seu objetivo e mandar para uma pessoa real tornará a meta mais real (alguns especialistas argumentam que dizer a pessoas de sua vida sobre uma meta pode ser contraprodutivo, então isso depende da situação particular).
  • Crie a oportunidade para um Monstro do Pânico, se já não existe alguma – se você está tentando gravar um álbum, agende um show para alguns meses adiante, reserve um local e envie um convite para um grupo de pessoas.
  • Se você realmente quer começar um negócio, deixar seu emprego tornará o Monstro do Pânico o novo morador do seu lar.
  • Se você está tentando escrever de forma consistente em um blog, coloque “publico um novo post todas as Quintas” no topo de sua página principal.
  • Deixe recados para você mesmo, lembrando que deve fazer boas escolhas.
  • Coloque um alarme para lembrar do início de uma tarefa, ou para recordar o que está em jogo.
  • Minimize as distrações de todas as formas possíveis. Se a TV é um sério problema, venda sua TV. Se a internet é um sério problema, arrume um segundo computador cujo Wifi está desabilitado, e coloque seu celular no Modo Avião durante as sessões de trabalho.
  • Crie um caminho sem volta para você, como fazer um depósito não restituível para aulas ou mensalidade em um curso.
E se os métodos que você estabeleceu não estiverem funcionando, mude-os. Coloque um lembrete mensal que diz “A coisas melhoraram? Se não melhoraram, mude seus métodos”.
3) Foque no progresso lento e consistente – livros são escritos uma página por vez.
Da mesma forma que grandiosas realizações ocorrem pequeno tijolo por pequeno tijolo, um hábito profundamente arraigado como a procrastinação não muda de uma hora para outra, mas sim com uma modesta melhora por vez. Lembre-se, tudo isso tem a ver com mostrar a si mesmo o que você pode realizar, então o segredo não é ser perfeito, mas simplesmente melhorar. O autor que escreve uma página por dia escreveru um livro após um ano. O procrastinador que melhora um pouco a cada semana é uma pessoa totalmente transformada um ano depois.
Portanto não pense sobre ir de A até Z – apenas comece de A até B. Mude o Roteiro de “eu procrastino em cada tarefa que faço” para “uma vez por semana eu cumpro uma tarefa sem procrastinar”. Se você puder fazer isso, você criará uma tendência. Eu ainda sou um miserável procrastinador, mas definitivamente estou melhor do que estava um ano atrás, então me sinto esperançoso sobre o futuro.
Porque eu penso nesse assunto tanto, e porque acabo de escrever um artigo de 19.000 páginas sobre isso?
Porque derrotar a procrastinação é o mesmo que ganhar o controle de sua própria vida. Muito daquilo que faz as pessoas felizes ou infelizes – seu nível de realização e satisfação, sua auto-estima, os arrependimentos que carregam consigo, o quanto de tempo livre possuem para dedicar a seus relacionamentos – está estreitamente vinculado a procrastinação. Então compensa demais levar esse assunto a sério, e o tempo para começar a melhorar é agora.


Por que procrastinadores procrastinam? (Parte I)

Pro-cras-ti-na-ção (substantivo do latim procrastinatio, -onis): ato de postergar ou adiar algo. Ex.:Sua primeira dica é evitar a procrastinação.

Quem imaginaria que, depois de décadas de luta contra a procrastinação, o dicionário, entre todas as outras coisas, daria a solução.
Evitar a procrastinação. Isso é tão elegante em sua simplicidade.
Enquanto estamos aqui, vamos também garantir que os obesos evitem excessos, que os deprimidos evitem a apatia, e alguém por favor informe às baleias encalhadas que elas deveriam evitar ficar fora do mar.
Não, “evitar a procrastinação” é um bom conselho só para os falsos procrastinadores, aqueles que dizem “eu me distraio totalmente no Facebook algumas vezes durante o trabalho, como sou procrastinador!”, as mesmas pessoas que diriam a um verdadeiro procrastinador algo como “ah, é só não procrastinar que você vai ficar bem!”.
O que nem o dicionário nem os falsos procrastinadores entendem é que para um verdadeiro procrastinador a procrastinação não é opcional: é algo com o qual não se sabe como lidar.
Na faculdade, a liberdade desenfreada e repentina foi um desastre para mim – eu não fiz nada, nunca, por qualquer motivo. A única exceção é que eu tinha que entregar trabalhos de tempos em tempos. Eu os fazia na noite anterior, até que percebi que poderia fazê-los de madrugada, e assim foi até que me dei conta de que poderia começar a fazê-los no início da manhã do dia em que deviam ser entregues. Esse comportamento atingiu níveis caricatos quando fui incapaz de começar a escrever meu trabalho de conclusão de 90 páginas até 72 horas antes do dia em que devia ser entregue, uma experiência que terminou comigo no consultório médico do campus aprendendo que a falta de açúcar no sangue havia sido a razão de minhas mãos ficarem dormentes e meus punhos ficarem cerrados contra a minha vontade (concluí o trabalho – e não, ele não ficou bom).
Mesmo escrever este post levou muito mais tempo do que deveria, pois passei um bocado de horas fazendo coisas como notar esta imagem  na minha área de trabalho por ter usado num post anterior, abri-la, olhar para o gorila por algum tempo, pensando sobre o quão facilmente ele poderia me vencer numa luta, depois me perguntando se ele poderia vencer um tigre numa luta, depois me perguntando quem venceria a luta entre um leão e um tigre, e depois googleando a respeito disso e lendo sobre o assunto por algum tempo (o tigre iria vencer). Sim, eu tenho problemas.
Para entender por que os procrastinadores procrastinam tanto, vamos começar entendendo o cérebro de um não-procrastinador:

Bastante normal, certo? Agora, vamos olhar para o cérebro de um procrastinador:

Percebeu algo diferente?
Parece que o Tomador de Decisões Racionais no cérebro do procrastinador está convivendo com um animal de estimação -o Macaco da Gratificação Instantânea.
Isso seria legal – fofinho, até – se o Tomador de Decisões Racionais soubesse alguma coisa sobre como lidar com um macaco. Mas, infelizmente, essa habilidade não fez parte de sua formação e ele fica completamente indefeso quando o macaco torna impossível o cumprimento de suas tarefas.





 O fato é que o Macaco da Gratificação Instantânea é a última criatura que deve ser encarregada das decisões, pois ele  pensa no presente, ignorando as lições do passado e desprezando completamente o futuro, e só se preocupa em maximizar a tranquilidade e o prazer deste instante. Ele não compreende o Tomador de Decisões Racionais melhor do que o Tomador de Decisões Racionais o compreende. Porque temos de continuar a correr – ele se pergunta – se podemos parar (o que nos faria nos sentir melhor)? Porque temos que treinar com esse instrumento musical se isso não é divertido? Porque nós usamos um computador só para trabalhar quando a internet está bem ali, esperando para ser usada? Ele pensa que os humanos são loucos.
No mundo do macaco, ele tem tudo planejado – se você comer quando estiver com fome, dormir quando estiver cansado e não fizer nada de difícil, você é um macaco muito bem sucedido. O problema para o procrastinador é que ele vive num mundo de humanos, e isso faz do Macaco da Gratificação Instantânea um navegador altamente desqualificado. Enquanto isso, o Tomador de Decisões Racionais, treinado para tomar decisões racionais e não para lidar com disputa por controle, não sabe como se engajar numa luta de verdade – ele apenas se sente cada vez mais mal sobre si mesmo a medida em que falha e a medida em que é repreendido pelo sofrido procrastinador em cuja cabeça vive.
É uma bagunça. E com o macaco no comando, o procrastinador se vê passando um bocado de tempo num lugar chamado Playground das Trevas*.
O Playground das Trevas é um local que todo procrastinador conhece bem. É o lugar em que acontecem atividades de lazer quando as atividades de lazer não deveriam acontecer. A diversão que você tem no Playground das Trevas não é realmente divertida pois é completamente imerecida e a atmosfera é repleta de culpa, ansiedade, raiva de si mesmo e pavor. Às vezes o Tomador de Decisões Racionais bate o pé e se recusa a perder tempo fazendo atividades habituais de lazer, e uma vez que o Macaco da Gratificação Instantânea certamente não vai deixar você trabalhar, você se encontra num purgatório bizarro de atividades estranhas onde todo mundo perde. **

E o pobre Tomador de Decisões Racionais apenas suspira, tentando descobrir como deixou o ser humano que supostamente devia estar no comando acabar ali novamente.

Nessa situação, como é que o procrastinador consegue eventualmente concluir alguma tarefa?
Ocorre que há uma coisa que faz o Macaco da Gratificação Instantânea se cagar de medo:
O Monstro do Pânico está adormecido a maior parte do tempo, mas ele repentinamente acorda quando um prazo fatal está muito próximo ou quando há risco de constrangimento público, de um desastre na carreira ou de outra consequência assustadora.
 



O Macaco da Gratificação Instantânea, normalmente inabalável, tem pavor do Monstro do Pânico. De que outra forma você poderia explicar que a mesma pessoa que não consegue escrever uma frase introdutória num artigo durante o período de duas semanas de repente é capaz de ficar acordado a noite toda, lutando contra a exaustão, e escrever oito páginas? Porque outro motivo uma pessoa extraordinariamente preguiçosa iniciaria uma rotina rigorosa de exercícios físicos se não fosse por um ataque do Monstro do Pânico, apavorado com a possibilidade de tornar-se pouco atraente?
E esses são os procrastinadores sortudos, pois há aqueles que nem sequer respondem ao Monstro do Pânico, e nos momentos mais desesperados acabam correndo para cima a árvore junto com o macaco, entrando em um estado de desligamento autodestrutivo.
Que turma nós somos.
É claro, isso não é jeito de viver. Mesmo para o procrastinador que não consegue, eventualmente, fazer as coisas e continuar a ser um membro competente da sociedade, algo precisa mudar. E aqui estão as principais razões para isso:
1) É desagradável. Tempo precioso demais é desperdiçado agonizando no Playground das Trevas, tempo que poderia ter sido gasto usufruindo de um lazer satisfatório e bem merecido se as coisas tivessem sido feitas em um cronograma mais lógico. E pânico não é divertido para ninguém.
2) O procrastinador, em última instância, não se valoriza. Ele acaba realizando menos e falha em alcançar seu potencial, o que o corrói ao longo do tempo e o enche de arrependimento e auto-recriminação.
3) Os Preciso-Fazer podem acontecer, mas não os Quero-Fazer. Mesmo se o procrastinador está no tipo de profissão em que o Monstro do Pânico está regularmente presente e ele consegue cumprir suas metas no trabalho, as outras coisas da vida que são importantes para ele – entrar em forma, cozinhar refeições mais elaboradas, aprender a tocar violão, leituras ou mesmo fazer uma ousada mudança em sua carreira – jamais acontecem pois o Monstro do Pânico de regra não se mete nessas coisas. Realizações como essa expandem nossa experiência, tornam nossa vida mais rica e nos trazem um bocado de felicidade – e para a maioria dos procrastinadores elas são guardadas na gaveta.
Então como um procrastinador pode melhorar e se tornar alguém mais feliz? Veja na Parte 2, Como derrotar a procrastinação(Nota do tradutor: semana que vem, em Ano Zero)
———
* Muitos de vocês estão provavelmente lendo este artigo enquanto passeiam no Playground das Trevas.
** Eu passei duas horas no Playground das Trevas exatamente antes de fazer o desenho do Playground das Trevas, porque eu receava ter que desenhar o poste com placas, pois eu sabia que seria difícil e levaria uma eternidade. (Nota do Tradutor: eu também sofri para traduzir os dizeres desses cartazes).


Mulheres na publicidade

“Não existem muitos casos de propagandas machistas no Brasil porque a publicidade brasileira é madura para perceber que a pior coisa que pode fazer é irritar o consumidor, seja ele mulher, homem ou criança. De qualquer forma, nós não temos uma declaração oficial a respeito desse assunto”. Essa foi a resposta da assessoria de imprensa do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), por telefone, à pergunta da Pública referente a algumas peças publicitárias lançadas no Carnaval e no Dia Internacional da Mulher, rechaçadas nas redes sociais por serem consideradas machistas – algumas inclusive retiradas de circulação. O Conar é um órgão de autorregulamentação das agências publicitárias, encarregado de receber denúncias de consumidores ou órgãos públicos e julgar se a propaganda deve ser tirada do ar e a agência eventualmente advertida. Das 18 denúncias de machismo em propaganda recebidas em 2014 (pesquisadas pela Pública no site do Conselho), 17 foram arquivadas, e apenas uma, da cerveja Conti, que dizia em sua página do Facebook “tenho medo de ir no bar pedir uma rodada e o garçom trazer minha ex” terminou com um pedido de suspensão e advertência da agência que realizou a campanha.
Outra campanha, do site de classificados bomnegócio.com, em que o Compadre Washington chamava uma mulher de “vem ordinária”,que havia recebido pedido de suspensão, foi posteriormente reavaliada e o processo arquivado. As justificativas das decisões geralmente são de que as propagandas não são machistas mas sim humorísticas, como esta de março de 2014, referente a um spot de rádio da Itaipava: “Uma consumidora paulistana entendeu haver preconceito machista em spot de rádio da cerveja Itaipava. A anunciante e sua agência alegam o caráter evidentemente humorístico da peça publicitária. O relator aceitou esse ponto de vista e recomendou o arquivamento, voto aceito por unanimidade”.
A visão do Conar parece ser compartilhada pela maioria das agências, criadoras das peças publicitárias. Chamada a dialogar sobre a campanha “Verão” em que uma mulher chamada Vera é impedida de passar por um homem na praia, ela tentando correr e ele barrando sua passagem com o slogan “não deixe o Verão passar” ou em uma que ela leva e traz cervejas para os homens só de biquíni enquanto eles olham para seu corpo e chamam “vem Verão, vai Verão” ou ainda uma terceira em que a moça aparece de biquíni com uma lata e uma garrafa de cerveja na mão com o slogan “faça sua escolha” com a indicação de 300, 350 ou 600 ml – estes em uma alusão ao silicone do seio da modelo, a agência preferiu se pronunciar apenas por e-mail de sua assessoria de imprensa. “A Y&R, agência que criou a campanha, respeita, bem como seu cliente, todas pessoas e em especial as mulheres. Em momento nenhum faz qualquer tipo de alusão para desmerecer ou agredir quem quer que seja e considera que o humor utilizado não tem tom de agressividade ou qualquer juízo de valor”.
Peça publicitária da campanha “Verão” da Itaipava / Reprodução
Peça publicitária da campanha “Verão” da Itaipava / Reprodução
As entrevistas também foram negadas pela agência F/Nazca Saatchi & Saatchi, responsável pela campanha da Skol para o Carnaval que teve que mudar a campanha depois que seus cartazes de “Deixei o não em casa” foram pichados com a frase complementar “mas trouxe o nunca” por duas garotas de São Paulo, e pela Ajinomoto do Brasil, fabricante da Sopa Vono, que teve sua fanpage no Facebook invadida por reclamações por peças consideradas machistas e também teve de tirá-las do ar. Via assessoria de imprensa a F/Nazca Saatchi & Saatchi e a Ajinomoto disseram que lamentam o ocorrido, respeitam as mulheres, que o objetivo da peça era humorístico e que estão repensando suas estratégias.
De onde surge então o machismo das peças criadas pelas agências? Uma nova pista surgiu quando através de um pedido feito em um grupo fechado no Facebook, 15 mulheres de 20 a 40 anos, atuantes em áreas diversas da publicidade contaram à Pública como é o ambiente em que trabalham, dentro das agências. Os relatos, feitos sob anonimato pelo temor de perder o emprego, trazem casos de abuso, assédio e violência psicológica que viveram ou ainda vivem em suas carreiras. Trechos destes depoimentos estão destacados ao longo do texto.

A campanha de Vono que foi retirada do ar após reclamações na fanpage da marca
A campanha de Vono que foi retirada do ar após reclamações na fanpage da marca
Anúncio da Skol e a intervenção de Mila Alves e Pri Ferrari. A foto teve mais de 8 mil curtidas no Facebook / Foto: Reprodução
Anúncio da Skol e a intervenção de Mila Alves e Pri Ferrari. A foto teve mais de 8 mil curtidas no Facebook / Foto: Reprodução
“Antes de falarmos sobre publicidade machista, temos que falar sobre machismo na publicidade” argumenta a diretora de criação Thaís Fabris, idealizadora do projeto 65|10 que discute o papel da mulher na publicidade. “O ‘65’ vem do dado de uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão que aponta que 65% das mulheres brasileiras não se identificam com a publicidade e com a forma com que são retratadas pela publicidade. O número ‘10’ é de uma pesquisa que nós fizemos que mostrou que apenas 10% dos criativos dentro das agências brasileiras são mulheres. E é na criação que as campanhas são feitas”.

Mais um anúncio da Skol
Mais um anúncio da Skol
A gerente de planejamento Carla Purcino concorda: “Quando a gente olha para a representatividade feminina na publicidade percebe que é praticamente 50%. Mas a distribuição dentro dos departamentos é muito diferente. Entende-se que a criação é um reduto masculino e que a mulher é mais adequada para o departamento de atendimento. E na maioria das vezes as mulheres do atendimento precisam ser bonitas para seduzir os clientes. Quem trabalha no meio sabe de agências que já demitiram times inteiros de funcionárias dessa área por não serem tão bonitas. ‘Contratem garotas bonitas’. E isso obviamente influencia sobremaneira o resultado final”. As duas disseram topar dar o nome por trabalharem hoje em agências mais inclusivas mas Carla lembra que chegou a ouvir de um diretor de uma agência onde trabalhou, após pedir a negociação de alguns direitos trabalhistas, que “se ela fosse homem ele meteria a mão na sua cara”. Por outro lado, por se colocar contra campanhas machistas nas agências onde trabalhou, ela já foi chamada a ajudar quando uma delas foi atacada nas redes sociais: “Me pediram ajuda para contornar a situação e a gente conseguiu resolver mas a coisa ainda acontece muito de fora pra dentro. Por pressão das pessoas as agências são obrigadas a resolver aquelas campanhas pontuais, a coisa não parte de dentro pra fora. É algo como ‘ai, que gente chata’. E as publicitárias ainda têm muito medo de se pronunciar. Elas normalmente se calam diante de piadas e colocações machistas para não perderem seus empregos. Tem uma grande agência que entrega, na festa de fim de ano, um prêmio chamado ‘calota de ouro’ referindo-se ao volume da vagina da mulher. E para sobreviver, elas acabam entrando no jogo”.

Veja aqui, imagens encontradas da festa da agência África em 2010.
“Trabalhei para marcas como Brahma, Skol e Budweiser, em que o machismo impera em qualquer peça de comunicação. Por mais que tentássemos abrandar ou mostrar um novo viés para a campanha, sempre éramos obrigadas a seguir os conceitos e o lugar-comum das marcas de cerveja em que a mulher é só mais um ser criado para satisfazer e obedecer o homem”. R.J. 32
Como diretora de criação, Thaís diz que, para fazer parte do grupo, muitas mulheres também acabam se masculinizando e até reproduzindo esse machismo. “É a maneira que encontram de preservar suas carreiras. Emudecem e não questionam ou entram na lógica e reproduzem”.
Propaganda do Ministério da Justiça também foi considerada machista e retirada do ar / Foto: Reprodução
Propaganda do Ministério da Justiça também foi considerada machista e retirada do ar / Foto: Reprodução
Não existem dados oficiais sobre diferenças de salários e cargos na publicidade brasileira separados por gênero mas no geral, segundo o PNAD de 2013, mulheres recebiam cerca de 26,5% a menos que homens na mesma posição. E segundo a pesquisa “A mulher publicitária, preconceito e espaço profissional: estudo sobre a atuação de mulheres na área de criação em agências de comunicação em Curitiba” realizada em 2009, as mulheres correspondiam a menos de 20% nas áreas de criação. Em sua conclusão, o estudo aponta que muitas vezes as próprias mulheres contavam casos de discriminação sem entender como tal: “Percebe-se, assim, que a discriminação por parte do gênero masculino em relação ao feminino está tão enraizada na profissão, que acaba sendo acatada como uma manifestação sociocultural natural para as mulheres que trabalham dentro desses ambientes extremamente machistas. O discurso dos indivíduos que atuam na área, afirmando que existem mulheres que não servem para essa profissão por serem muito frágeis e fracas, é típico da construção hierárquica desigual da sociedade, que surge de seus tempos mais remotos.”
“Existe quase uma ordem natural de colocar as mulheres nas áreas de atendimento e gerenciamento de projeto do que em qualquer outra. existe uma série de piadas extremamente machistas e misóginas que ‘brincam’ com essa relação de mulher sempre virar atendimento”. F.B, 32
O anúncio da Always com Sabrina Sato que quer falar sobre vazamento menstrual e de imagens íntimas / Foto: Reprodução
O anúncio da Always com Sabrina Sato que quer falar sobre vazamento menstrual e de imagens íntimas / Foto: Reprodução
E você? O que você pensa sobre esse assunto?

Leia a matéria completa em: Machismo é a regra da casa - Geledés 

sábado, 14 de março de 2015

Publicidade, Consumo e Indústria Cultural

       1) Assista ao vídeo “Criança, a alma do negócio” e responda:
a) Relacione o título do documentário ao seu conteúdo.
b) De acordo com o documentário, como a exposição desregulada à campanhas publicitárias influencia as crianças nos seguintes itens:
- Relacionamentos (com outras crianças e com os pais)
- Desenvolvimento (psicológico, emocional, sexual...)
- Alimentação e saúde

       2) Leia o texto “Indústria Cultura e Consumo” e relacione:
a) Cada frase destacada ao conteúdo abordado no vídeo, citando exemplos (também do vídeo).
b) O conteúdo geral do texto ao conteúdo geral do vídeo.