quarta-feira, 12 de março de 2014

Ciência da sociedade

Leia o texto abaixo:

Mas o que é uma atitude científica em Sociologia? É a atitude de, a partir da constatação de um problema social, observar os fatos e a realidade dos indivíduos e grupos, suas relações, formular uma hipótese de explicação e, ao final, pronunciar leis ou tendências de que um fato ocorre por motivos tais e tais.

Vamos descrever um exemplo: temos um problema social que se chama desemprego (é social porque atinge vários indivíduos). A partir dessa constatação, poderíamos formular a hipótese de que a política econômica de um governo promove o desemprego. Em seguida, passamos a observar a realidade com dados estatísticos em mãos, pesquisas com desempregados para ver os motivos que levaram ao desemprego. Ao final, retornamos a nossa hipótese e podemos verificar que a política macroeconômica tende a provocar desemprego em massa num país (...) 

OLIVEIRA, Luiz Fernando e COSTA, Ricardo Cesar Rocha. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. Página 26. 

1) Quais diferenças entre um conhecimento do senso comum e um conhecimento sociológico você pode destacar?

2) Dê exemplos sobre preconceitos sociais que você conhece que são baseados no senso comum (mínimo de 3).

3) Como você poderia usar o conhecimento sociológico para desconstruir esses exemplos de preconceito?

 

Vizinhos e internautas

Rio de Janeiro - Estudiosos do comportamento humano na vida moderna constatam que um dos males de nossa época é a incomunicabilidade das pessoas. Já foi tempo em que, mesmo nas grandes cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde era costume os vizinhos se darem boa noite, levarem as cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da própria e da dos outros.
A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana, o rádio e mais tarde a TV ilharam cada indivíduo o casulo doméstico. Moro há 18 anos num prédio da Lagoa; tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem, não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse lamentável departamento, sou regra.
Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na internet. Um dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.
Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. Tem amigos na Pensilvânia e arranjou um admirador em Dublin, terra do Joyce, do Berard Shaw e do Oscar Wilde. Para convencê-la de seus méritos, ele mandou uma foto em cor que foi impressa em alta resolução. É um jovem simpático, de bigode, cara honesta. Pode ser que tenha mandado a foto de um outro.
Lembro a correspondência sentimental das velhas revistas de antanho. Havia sempre a promessa: "Troco fotos na primeira carta". Nunca ouvi dizer que uma dessas trocas tenha tido resultado aproveitável. Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a se comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam porque, na hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa noite.
CONY, Carlos Heitor. Vizinhos e internautas. Folha de S. Paulo, 26 jun. 1997. Opinião, p. A2

Atividade:
1) No texto, Carlos Heitor Cony fala de mudanças que ocorreram nas cidades nos últimos anos. No lugar onde você vive, ocorreram mudanças importantes nos últimos trinta anos? Cite pelo menos duas e explique como elas alteraram o modo de vida e as relações entre as pessoas.
2) Você pensa que as mudanças na sociedade podem influir no comportamento das pessoas no espaço da família, da escola ou de outros grupos de convívio? De que forma?
3) A internet nos aproxima de muitas pessoas que com frequência nem conhecemos, mas parece que nos distancia de quem está perto de nós. O que você pensa disso?
4) Reflita brevemente sobre como seria seu relacionamento com sua família e amigos se não existisse comunicação online. O que seria diferente? O que seria melhor? O que seria pior?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Quer fazer o que ama? Esqueça os rótulos!*

Quem você acha que mais ama o que faz,um médico ou um motorista de ônibus?
 
Para a maioria das pessoas é muito mais fácil associar a ideia de fazer o que se ama com profissões “cool” ou cheias de prestígio,  com trabalhos de cunho intelectual e que pagam muito bem do que com aqueles que não são reconhecidos por esse fatores.
O trabalho de um médico é salvar vidas, poucas profissões tem um propósito tão nobre quanto esse, certo? Já um motorista de ônibus fica o dia todo dirigindo por caminhos repetidos,  executando um trabalho essencialmente mecânico e sem grande propósito para humanidade.
Eis aí a armadilha de quem quer fazer o que ama: o julgamento raso. Eu não poderia definir se um pessoa ama o que faz sem antes saber COMO essa pessoa faz o que faz e qual o significado daquele trabalho para aquela pessoa em especial. Por causa desses rótulos tem muita gente hoje infeliz com o trabalho pois na busca por profissões “superiores” ou apreciadas pela maioria, acabam fazendo o que não gostam.
Às vezes é preciso muita coragem para buscar e assumir o trabalho que tem a ver com a gente. Um exemplo disso é um amigo meu chamado Leonardo que foi meu veterano na faculdade. Nós cursamos Ciências Biológicas na Esalq (USP de Piracicaba) juntos. Durante a faculdade ele focou sua pesquisa principalmente no campo da herpetologia,  que é o estudo dos répteis e anfíbios, participou de congressos, fez iniciação científica, 2 anos de mestrado e muitas outras coisas relacionadas ao assunto. Trabalhou duro durante 7 anos na universidade e depois que se formou sabe o que ele foi fazer?
 Virou motorista de ônibus. Olha só o figura:
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E não virou motorista porque não havia oportunidades dentro da Biologia, mas sim porque ônibus sempre foi uma de suas maiores paixões. Hoje ele trabalha na Viação Paraty, onde além de dirigir também é responsável por coordenar as escalas e fiscalizar o andamento das linhas.
Pode ter gente que olha e acha estranho, “puxa mas o cara fez USP para virar motorista?”
E daí!!!!?
O cara está feliz vivendo diariamente em contato com a sua paixão, quem dera se todos os motoristas de ônibus fizessem seu trabalho da forma como ele faz. Olha só um dos depoimentos que ele fez no Facebook:
 
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 Você percebe o significado que ele dá para a sua profissão?
 “…nós que transportamos a carga mais valiosa que existe a VIDA”.
 Por outro lado, tem um montão de pessoas em profissões mais “glamourosas” que não colocam nem metade da alma e coração que Leonardo coloca no trabalho. Ou seja, trabalham com algo considerado “glamouroso” pelo mainstream, mas com o qual não se identificam em nada, o que faz com que seja muito difícil se realizarem no trabalho.
Esses exemplos me levam a pensar que qualquer pessoa pode trabalhar no que gosta, mas que tudo depende da forma como ela enxerga e dá significado à sua própria profissão e à forma como ela se relaciona com o trabalho, de uma forma geral: qual significado o trabalho tem na vida de cada um?
Isso na verdade já foi objeto de estudo e é retratado no livro Felicidade Autêntica, escrito por Martin Seligman, fundador da Psicologia Positiva. Nele Martin diz:
“qualquer tarefa pode tornar-se uma vocação, e qualquer vocação pode tornar-se uma tarefa. Um médico que veja seu trabalho como uma tarefa a cumprir e esteja interessado simplesmente em ganhar dinheiro não tem vocação; um coletor de lixo que veja seu trabalho como a missão de fazer o mundo mais limpo e mais saudável para se viver tem vocação”
Os responsáveis por essa descoberta foram a professora da Universidade de Nova York,  Amy Wrzesniewski e seus colegas. Eles estudaram 28 serventes de hospital cujas tarefas eram basicamente limpar quartos de um hospital. No estudo, notaram que os serventes que veem o trabalho como vocação fazem de tudo para torná-lo significativo. Eles se consideram importantes para o processo de cura, e se organizam de modo a conseguir o máximo de eficiência. Antecipam-se às necessidades de médicos e enfermeiros, para que estes tenham mais tempo de se dedicarem ao tratamento propriamente dito. Chegam a fazer mais do que seria sua obrigação, tentando alegrar a vida dos pacientes. Os serventes sem vocação viam seus trabalhos como uma simples limpeza de quartos.
 De acordo com esses estudos existem três formas de enxergarmos nosso trabalho:
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Tarefa – é quando você faz um trabalho simplesmente em troca do pagamento no final do mês, sem procurar outras recompensas. É apenas um meio a serviço de um fim, como por exemplo, sustentar sua família. Se não há pagamento você se afasta.
Carreira - é quando você vincula seu trabalho a um investimento pessoal mais profundo. Suas realizações são marcadas pelo dinheiro, mas também pelo progresso profissional. Cada promoção traz mais prestígio e poder, além do aumento de salario.
Vocação - é quando você tem um compromisso apaixonado pelo trabalho. Pessoas que sentem que têm uma vocação veem seu trabalho como uma contribuição para o bem maior, para algo além delas. O próprio trabalho é fator de realização e continua sendo, ainda que não haja grandes quantias de dinheiro ou promoções envolvidas.
Dan Ariely também fez alguns experimentos interessantes relacionados a felicidade no trabalho, e mais uma vez o sentimento de significado apareceu como algo fundamental para nos sentirmos importantes e felizes com nossas profissão.
[...]
Toda atividade no mundo tem um propósito, fazer o que se ama é uma questão de entender como os seus principais propósitos, suas forças e sua disposição em aprender com suas experiências se alinham com as suas atividades profissionais. Não precisa necessariamente ser de bermuda, fazendo um trabalho cool, em um ambiente moderninho. Também não estamos falando aqui de brilhantismo: fazer o que se ama tem muito mais a ver com disposição em aprender e em muitas horas de dedicação do que com já ser brilhante em algo (raramente nascemos brilhantes em uma área de conhecimento sem nunca ter nos dedicado a ela). Nem precisa “largar tudo”. Talvez, “largar todos” (os padrões e rótulos alheios) e assumir que vai se dedicar à própria vocação.

*Escrito por Carolina Nalon, com colaboração de Natália Menhem.
Publicado originalmente e na íntegra em https://blog.99jobs.com/quer-fazer-o-que-ama-esqueca-os-rotulos/#_ftn1

segunda-feira, 3 de março de 2014

Jovens

"O que é ser jovem?" Essa já é uma pergunta difícil... E se eu perguntar o que é ser jovem HOJE? Complica mais, né? rs
Olha aqui um jeito fácil, fácil de compreender você, seus pais e até seus avós