Que merda essa religião que castra o corpo, que enrijece a alma, enruga o rosto e recrudesce o espírito. E não só o de seus adeptos, mas o de todos que se submetem mesmo que como alvo desse olhar austero.
Esses dias vi um programa em que um hare krishna passava uma semana na casa de uma família bem humilde e católica. Ele infernizou a casa em sete dias. Queria impor seus ritos e uma liturgia que contemplasse mais as suas necessidades religiosas do que a possibilidade de uma relação alegre entre diferentes. Lá pelo terceiro dia, as crianças da casa, principal aferidor de saúde emocional e alegria de um ambiente, já não aguentavam mais o sacerdote laranja.
Que merda essa religião que impõe ritos e liturgias que mais nos abstraem da vida e das relações do que nos projetam para o mundo e para os outros, oferecendo uma espiritualidade sadia.
Esses dias uma menina evangélica foi agredida na escola porque tinha o cabelo comprido. Ela só tinha 12 anos e teve que mudar de escola e cidade por conta da hostilidade.
Esses dias foi uma outra menina de 11 anos, agredida a pedradas ao sair de um encontro do candomblé.
Outro dia foi uma menina de 11 anos, perseguida por uma freira num colégio por não saber rezar. Ficou sem a refeição por dias a fio, até, pela dor da fome, ter a coragem de contar para a mãe o que estava acontecendo.
As três poderiam ser amigas, confidentes, terem os mesmos sonhos e desejos castrados pelo medo de ser o que, talvez, nem saibam o quê.
Que merda essa não religião que não tolera a religião.
Que merda essa religião que desrespeita o outro e o agride por ter outra religião.
Que merda essa religião que não tolera a ausência da religião.
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Fabrício Cunha dos Santos
Postado original e integralmente no perfil do Facebook do autor.